As mulheres estão mudando de “time”? Recentemente, vi uma entrevista da atriz Fernanda Sousa falando sobre seu recente relacionamento com outra mulher. A moça, que foi casada com um homem, assumiu sua sexualidade com uma amiga de infância.
A entrevista me chamou atenção, me fazendo pensar em algumas possibilidades.
A Fernanda pode ter tido uma criação tradicionalista, com religião, tabus e etc. E essa amizade ter sido um amor platônico.
Vejo muito pessoas dizendo que as mulheres estão virando lésbicas de tanto se decepcionar com os homens. Será que a bissexualidade (ou homossexualidade) é tão manipulável assim?
Eu acredito que seja algo mais profundo do que os julgamentos incoerentes de “safadeza, sem-vergonhice, ou (pasmem) querer aparecer”.
Para começar, a pessoa que decide assumir sua homossexualidade, o que ela tem de certeza é que os problemas, comparado ao anonimato, irão aumentar bruscamente. A sociedade não tem nenhuma tolerância neste quesito. Vivemos o Estado Laico – o poder é oficialmente imparcial em relação às questões religiosas -, além da hipócrita sociedade machista (inclusive na liderança política). Então como podemos enxergar “afronta” em um tema que só atrai violência, humilhação e mortes?
O preconceituoso alega achar errado por conta da educação das crianças. Entretanto, eu sou prova viva de que manter a “inocência de uma criança” como forma de proteção é um desserviço para elas.
Estatísticas do Disk Denúncia (telefone: 181):
2021: DE JANEIRO A MAIO, 6 MIL CASOS (REGISTRADOS) de VIOLÊNCIA SEXUAL INFANTIL.
EM 2020: FORAM 14 MIL CASOS.
E 2019: 17 MIL CASOS.
A idade mais propícia ao estupro, varia de 1 a 14 anos. Se os casos REGISTRADOS são um número surreal, imagine QUANTOS NÃO são notificados? (principalmente em regiões precárias, sem telefone e energia).
De 85 a 90% dos casos, os agressores são pessoas CONHECIDAS. Desses, 30% SÃO OS PAIS, E 60% CONHECIDOS DA VÍTIMA E DA FAMÍLIA.
Educar com retenção de informações, proibições, e imposição de regras ditadoras é uma ignorância imensa. Desinformação do vulnerável o torna alvo fácil para adultos mal intencionados!
Não faz muito tempo que presenciei coisas que me deixaram impressionada. As pessoas usam uma máscara para se fundir na sociedade. Conheci um senhor (60 anos de idade) marido família tradicional, filhos adultos, cargo importante; frequentando spa gay. É! Uma vida dupla, talvez acordada com a esposa, ou nem. Existem muitas pessoas com sua sexualidade trancada dentro de si, por autodesprezo, ou, na maioria dos casos por posição social.
Nunca consegui entender o que a vida amorosa ou íntima de alguém impacta na vida alheia. Se “temos” livre arbítrio para escolher nossos parceiros, cônjuges e amores, porque a opção do outro incomoda tanto?
Eu costumo pensar que onde há fumaça, há fogo! E, pessoas que discriminam tanto, odeiam, não suportam, pode ser sintoma de inveja, pela coragem do outro de se libertar e se mostrar como é. Pensem nisso!
PS: “Homossexualidade. É o termo correto a ser usado ao se referir a uma pessoa que é homossexual, indicando “modo de ser”. Existe uma inadequação lingüística e preconceituosa no uso do termo “homossexualismo”, visto que o sufixo “ismo” pode conotar doença, distúrbio, anormalidade.”
Se desejar entrar em contato comigo através das minhas redes sociais: me chame no instagram @talisandradee. Ou me envie um email: autoratalitandrade@gmail.com
Parabéns pelo artigo. Em uma cidade como Osasco, onde a câmara de vereadores é composta majoritariamente por religiosos conservadores, falta muito para que as pessoas aprendam o mínimo necessário sobre sexualidade de modo racional. Muito bom você trazer essa discussão em um dos principais jornais da região.
André, muito obrigada pelo seu comentário. Fico feliz que meu texto tenha agradado, e fico lisonjeada pelo elogio. Realmente, precisamos neutralizar o cenário do preconceito e violência que vivemos. Chega de ditadura religioso e patriarcal. Precisamos de respeito, somente! Espero que as pessoas sejam mente aberta como você;
Eu amo seu trabalho, acompanho já faz muito tempo… parabéns!! Melhor escritora.