Não se case com seu Pai!

Colunistas Talita Andrade

O primeiro amor de uma menina é sempre o seu pai! Nosso herói, nosso príncipe encantado.
A utopia da figura paterna representa proteção, segurança, consolo e autoridade. É o homem que nossa mãe ama/amou e isso é a estrutura para nossa projeção de relacionamento.

Conforme vamos crescendo, amadurecendo e ganhando autonomia, é muito comum nos atrairmos por homens com qualidades, defeitos e valores semelhantes ao nosso pai.
Meus pais se separaram quando eu tinha 11 anos. Cresci distante dele e as lembranças que me marcaram do casamento era de um marido apaixonado e pai amoroso. Eu sempre senti falta dele, e esse vazio foi “preenchido” com um namorado, cujas características me eram familiares.

A mulher tende a se apaixonar por um cara que a remete ao próprio pai, e isso pode nao ser percetível porque a intenção é indireta e o fator “atração sexual” diferencia um papel do outro. Só que esse amor vai evoluir pro fraternal no momento em que a conexão for identificada, ou nossas necessidades e expectativas mudarem, seja por comparação a outros relacionamentos ou dos nosso pais, opiniões de amigos ou a sociedade que vai nos moldando mesmo.

Um exemplo típico de um pretendente para preencher vazio paternal:

  • O homem maduro e decidido (não necessariamente mais velho) – porque você precisa de uma figura dominadora e intimidadora.
  • Algum traço físico familiar ao seu pai – o olhar, cor dos olhos, cabelos ou valor (moral).
  • O comportamento: por exemplo: “Ciumento, possessivo, autoritário” – Tanto como seu pai era com você ou sua mãe.
  • E o detalhe importante: mais bem sucedido ou com mais dinheiro que você – para proporcionar ocasiões ou seu sustento.

O relacionamento pode ter uma base machista ou não, entretanto, essa mulher tem uma submissão muito natural a esse parceiro, já que inconscientemente ela está preenchendo o buraco paterno, da sua parte infantil.

A minha intenção no momento não é criticar a qualidade de relacionamento (apesar de ser relevante), e sim enfatizar o quanto é importante trabalharmos nossa infância, identificar tais dores e tratá-las para que não seja um ciclo vicioso de sofrimento na nossa vida adulta. Para não reproduzirmos a história das nossas mães por questão de convivência e referência.

Devemos buscar nossa própria essência, descobrir novas formas de viver para ver no que nos identificarmos, assim, trilharemos nossas próprias crenças e aventuras, quebrando o ciclo emocional trágico matriarcal (geração das mulheres da sua família)

Se for de sua vontade construir uma familia, busque uma pessoa que complete ou preencha suas qualidades, alguém que te trate com respeito, igualdade e principalmente honestidade. Alguém que te deixe livre para crescer.
E por cumplicidade, queira e faça o mesmo por essa pessoa.

Se você se relacionar com alguém que, convenientemente, te dê o mesmo conforto que seu pai te dava, vendo isso como uma obrigação de enlace, quando a paixão e a atração física passar, o amor será familiar, fraternal!
Você pode continuar no relacionamento por estar acostumada com a pessoa, por gostar ou até amá-la, mas não o verá como um homem, ao qual deseja. E assim, o que era confortável, pode virar tóxico, te tornando um espírito fraco que precisa da outra pessoa para se nutrir e sobreviver, porque não é capaz de fazer isso por si só.

Talvez o seu relacionamento se enquadre nesse contexto e mesmo assim você seja feliz, e está tudo bem. Mas é útil explorar o passado, sua infância, para entender no que sua criança interior afeta sua vida hoje, pois é ela quem comanda nossas imaturidades e traumas.

O autoconhecimento é um processo que vamos passar por toda a nossa vida, e quanto antes começarmos a olhar pra dentro para consertar comportamentos questionáveis e delicados, mais leve pode ficar sua jornada.

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