Você já disse para alguém: “Minha vida não tem sentido sem você?
Essa declaração talvez tenha certa vanidade, pode aparentar uma artificialidade, mas em muitos casos, é bastante perigosa e desagradável, tanto de ouvir, quanto de dizer.
O apego excessivo significa que há vazios pedindo pra serem preenchidos. Pode ser algo atual, mas grande parte dos casos, são situações do passado que causam gatilhos e automaticamente, geram alguma(s) síndrome(s).
Muito se fala em síndrome hoje em dia. Existem centenas delas. Mas nunca li exatamente o que esse termo significa. Portanto, fiz a lição de casa para compartilhar com vocês.
Síndrome é um conjunto de sinais e sintomas observáveis em processos patológicos, com causa específica, onde tais características são passíveis de despertar insegurança e medo.
Gostar, amar, querer viver pra sempre com alguém é a coisa mais natural do mundo. Afinal, somos seres sociáveis e vivemos de afeto, sensações e calor humano. Mas há uma linha tênue que ronda o amor… a obsessão, que é um termo mais popular da dependência emocional.
Ela se apresenta como um apego excessivo a determinada pessoa. Não há uma regra sobre o tipo de relação em que isso ocorre, se é namorado, esposo, parente ou amigo, entretanto, é mais comum em envolvimentos amorosos sexuais, que engloba sentimentos, emoções e compromisso.
Tem diversos sinais e características na dependência emocional, e separei alguns para exemplificar e alertar o quanto é delicada a situação.
• O dependente tem um cuidado excessivo com o alvo. Agradá-lo constantemente é sua maior prioridade.
• O foco da felicidade se concentra nessa pessoa: Só é possível se sentir feliz com ela. Mesmo que não estejam num momento bom, estar com ela é a única coisa que importa. Não há possibilidade em sair, ou se divertir se não for acompanhado dessa pessoa.
• Autoestima comprometida: o dependente se sente inferior, se cobra, se humilha e coloca o alvo muito acima de suas qualidades e necessidades. Zero defeitos e os que pode ter são justificáveis.
• O que o alvo pensa do dependente é lei: O dependente está sempre esperando uma aprovação, e reconhecimento dessa pessoa. Somente a opinião dela é relevante, mesmo que seja ruim.
• A vida não tem o mesmo valor: O dependente só vê sentido em viver, se essa pessoa estiver junto. O medo de ser abandonado o consome e faz com que ele subestime a própria existência caso perca essa pessoa.
Uma coisa que aprendi na terapia, é que toda ausência de figuras essências na nossa vida, precisa ser trabalhada.
O abandono materno e/ou paterno, pode ser a ocorrência de uma dependência afetiva.
A pessoa que foi ou é negligenciada afetivamente por pai ou mãe, tende a buscar alguém que supra esse sentimento ou papel na vida dela. Não literalmente, mas que tenha tanta importância quanto.
Um exemplo: a menina que sente a ausência da mãe, pode começar a se envolver com outra garota, para remediar esse afeto com o gênero em questão. E vice versa.
Assim como muitas meninas se relacionam com homens mais velhos, para substituir o vazio da ausência/ abandono do pai.
O trauma nem sempre é gerado por um grande acontecimento. A ausência de um papel importante ou figura tradicional, pode criar um buraco na nossa vida, que uma hora ou outra vai pedir para ser preenchido.
A evolução do quadro obsessivo não tem um tempo certo. Pode acontecer de pessoas com um alto nível de carência e solidão, e criar de imediato a conexão com alguém que mal conhece.
Dentro da dependência, o dependente não faz jus a razão. Ele é conduzido integralmente pela emoção, principalmente do medo e da insegurança. E é nessa vertente, de NECESSIDADE incondicional de TER essa pessoa – não importando se essa pessoa te faz feliz ou não -, alguns atritos começam a inflamar o relacionamento. Ciúmes, cobranças, neuroses, alucinações; e consequentemente, ansiedade, depressão, tendência suicida, psicoses.
É uma caixa de pandora!
O fator que mais importa na condição de depender afetivamente de alguém, é nunca, em hipótese alguma, ser deixado. E para evitar isso, a dedicação ao outro é ilimitada, sem conter esforços para deixar o outro satisfeito, ao seu lado, garantindo assim, a união.
Nem preciso mencionar o quanto essa doença tem potencial para destruição. Pode ter um final muito triste, o que justifica tantos casos de violências no mundo. O desespero humano, principalmente com um estado mental abalado, é capaz de atrocidades. Por isso, acho um tema importante de ser discutido, refletido e trabalhado.
Todo problema psicológico começa pequeno, mas não precisamos ter um problema pra decidir cuidar da nossa saúde mental.
Terapia é vida, literalmente!