Por: Giane Vieira
Para comemorar o mês das mulheres resolvi contar o outro lado dos bastidores no meu cotidiano. Por exemplo, por escrever matérias esportivas, identifiquei vários depoimentos de situação de preconceito deferido às mulheres atletas, repórteres e professoras, são relatos emocionantes de mulheres que viveram e vivem esta lamentável situação.
Além disso, observando vários meios de comunicação a imprensa de modo geral dá pouco espaço para as modalidades femininas, e muitas vezes destacam apenas a beleza estética ao invés das conquistas, enaltecendo apenas as tradicionais “Musas esportivas”.
Sabemos que nós mulheres somamos uma maioria na sociedade, trabalhamos mais para sermos reconhecidas e ainda realizamos o trabalho com excelência, mas infelizmente o salário continua defasado em comparação a eles.
Infelizmente o preconceito, assédio e objetificação da mulher são recorrentes em ambientes dominados por homens.
Luciana de Paula, atleta de montanhismo, representante do bolsa atleta osasquense, atualmente membro da seleção de montanhismo do Brasil, relata que quase desistiu. “Logo no início tive um treinador que não valorizava minhas conquistas, não importa o que eu fizesse nunca eram suficientes, mesmo superando todos da equipe, inclusive alguns atletas homens”.
As três atletas da modalidade de Jiu-Jitsu, Carina Santi, Natalia Russa e Camila Guerra, foram unanimes em concordar que quando lutam com os atletas masculinos enfrentam dificuldade de aceitação. “Já ouvi várias vezes vou lutar com você para descansar. Além disso, quando chego à academia para ministrar aula todos estão esperando por um homem”. Mencionou Natalia Russa.
“Acredito que enfrento o que todas as mulheres sofrem em qualquer área, ainda mais na minha que é predominantemente masculina. Conquistar a credibilidade no tatame é bem raro, pelo fato de ser mulher não acreditam que somos capazes de ministrar aulas ou um seminário” Completou Carina Santi.
A professora Patrícia Hernandez, especialista em Pilates, atualmente faz um trabalho na Secretaria de esportes na Prefeitura de Osasco, contou que na sua trajetória em uma academia era julgada por ter muitos alunos de Personal em musculação. Um colega de trabalho declarou com ênfase: “Como uma professora de ginástica consegue tantos alunos? ”.
O relato de Gaby Lewis da modalidade não foi diferente, “certa vez um piloto me atrapalhou na curva, ele freou dentro de propósito para me passar de qualquer jeito, porém o pelotão da frente abriu e eu ganhei de qualquer forma. Ele não pensou na corrida, só não queria perder para uma mulher. ”
No jornalismo esportivo não é diferente, embora atualmente as mulheres tenham atuado cada vez mais, o preconceito e a discriminação continuam recorrentes.
Certa vez eu estava em um evento de futebol que todos os veículos de comunicação foram mencionados menos o meu, curiosamente os outros eram todos compostos por homens.
Recentemente em uma reunião um colega de trabalho descreveu ironicamente que iria cobrar meu rendimento, sem ter nenhum vínculo no meu setor e nem ser mestre no assunto.
Também houve uma vez em que outro colega de trabalho alisou meu ombro de forma pejorativa perguntando se eu estava com frio.
Portanto diante de tantos relatos não há como concluir ou objetivar como e quando será a igualdade de gêneros. Embora a reflexão sobre o assunto esteja aberta e mais ampla será necessário que as empresas e os veículos de comunicação se preocupem em legitimar um espaço e papel igualitário.
As mulheres mencionadas nos textos foram unânimes, “sim já sofri preconceito! ”
Giane Vieira
Nasceu em São Paulo, mas sempre morou em Osasco. Estudou em escola pública.
Formada, Repórter Esportiva, Ed. Física, Especialista em Pilates / ADM e MKT Esportivo / Reabilitação Cardíaca e Grupos especiais.
Atualmente trabalha na Secretaria de Esporte, Recreação e Lazer de Osasco a frente da Coordenação e Comunicação Esportiva.