“O dia em que me tornei torcedor do Santos”, por Wanderley Berrocozo

Destaque Esportes

Minha cidade, a querida Junqueirópolis, fica distante a quase 100 km de Presidente Prudente. Naquele tempo em toda a cidade não havia televisores, o futebol profissional dos times do Estado de São Paulo e até da Seleção Brasileira, os moradores amantes do futebol acompanhavam pelas emissoras de rádio da capital paulista e pelas páginas do jornal impresso Gazeta Esportiva.

Era um sábado, voltava da escola, quando em frente à minha casa, num caminhão basculante havia vários amigos e conhecidos e que me convidaram a ir com eles a Presidente Prudente, onde um dos times da casa, a Prudentina, enfrentaria em seu estádio Felix Marcondes, o time sensação na época, o Santos, de Pelé, em mais uma rodada do Campeonato Paulista de 1965.

Entusiasmei pelo convite, consegui a autorização de meus pais e vi nessa ocasião a oportunidade de pela primeira vez em minha vida, ver times profissionais de futebol em ação.

A viagem em cima de um caminhão sujo de areia, pois é isso que ele transportava todos os dias, foi emocionante, pois na rodovia o mesmo não poderia ser parado pela polícia rodoviária e com isso, impedir nosso sonho, sendo assim, todos agachados ou sentados e por consequência, sujos com a terra.

O pequeno estádio estava lotado, foram mais de 16 mil pagantes e o espetáculo foi inesquecível naquele 31 de outubro de 1965. Me lembro como se fosse hoje, sinto a mesma emoção daquele dia, ao relembrar esse fato. Simplesmente, aquele que mais tarde seria coroado como o Rei do Futebol, foi o maestro do time, com dribles e jogadas maravilhosas e no final, na vitória de 5 a 2 do Santos, Pelé simplesmente marcou todos os gols do Peixe.

Fiquei impactado, não acreditava no que estava vendo, um time espetacular e com um jogador fora de série, aquele que seria o melhor de todos, em todos os tempos.

Naquele dia este foi o Santos que me emocionou, me conquistou e me fez tornar seu torcedor para sempre: Gilmar; Carlos Alberto, Mauro, Orlando e Geraldino; Lima e Mengálvio; Dorval, Toninho Guerreiro, PELÉ e Abel. Técnico Lula

Passados quase 60 anos desse dia, ainda me pego emocionado ao relembrar esse jogo, tive oportunidades de estar frente a frente com o Rei, falei da minha admiração e de tal feito. Pelé pode não ter sido unanimidade para todos, mas para mim, sempre foi e será o Rei. Quem o viu jogar sabe bem o que eu estou falando, quando Pelé pegava a bola no meio de campo com peito aberto em direção ao gol não tinha quem o segurasse. Hoje ao saber de sua morte, novamente me veio a memória dessa passagem da minha vida, hoje sou Santista pois um dia eu vi o show de um Rei. Agradeço ao Pelé por tantas alegrias que me deu, dia 31 de outubro de 1965 estará presente sempre em minha vida, pois meus filhos e netos são santistas. Pelé, o meu mais sincero agradecimento, vá em paz Rei, seu eterno fã guardará as mais belas imagens na memória, obrigado por me fazer feliz e ser o santista que sou hoje.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *