Foi William Shakespeare quem disse: “o orgulhoso destrói a si mesmo”. Sim, não somente o orgulhoso, mas todo aquele que espalha o mal acabará tornando-se vítima do próprio mal semeado, como escreveu o rei Salomão no livro dos Provérbios: “Aquele que semeia a maldade colhe a desgraça e será castigado pelo próprio ódio” (Pr 22,8).
O mal destrói a si mesmo! Nem todos se dão conta disso, mas essa é uma verdade que pode nos ajudar a observar melhor o nosso próprio comportamento.
Você já tentou observar quanto tempo gastamos tentando combater o mal? E a sensação que temos é de que todos os nossos esforços para combater o mal parecem insuficientes. Há sempre um inimigo a combater, uma mentira a desmascarar, uma escuridão a ser iluminada. A mentira e a maldade encontram colaboradores voluntários e se propagam com uma velocidade absurda.
Eis uma questão intrigante: se a maioria das pessoas são essencialmente boas – é nisto que acredito! –, por que a maldade e a mentira se propagam mais rápido que a verdade e o bem? Não disponho aqui de espaço suficiente para aprofundar assunto tão complexo, mas quero compartilhar com vocês dois pensamentos.
Em primeiro lugar, estamos vendo se manifestar em nosso tempo um estranho fenômeno de “compartilhamento do mal”. Nas redes sociais, “boas notícias” não estimulam curtidas, comentários ou compartilhamentos. Se, ao contrário, a notícia for falsa, polêmica ou relacionada à desmoralização de alguém, ela rapidamente viraliza e atinge um número incontável de pessoas. O mais estranho disso é verificar que as más notícias são propagadas por pessoas de bem que, sem meditar nos próprios atos, compartilham sem pudor o mal e espalham sua falta de esperança na sociedade.
Há quem queira justificar-se dizendo que é movido pela indignação que clica no botão “compartilhar”. Esperam com isso, dizem, tornar o problema amplamente conhecido para que alguém venha fazer alguma coisa. Sim, a indignação é filha da virtude da esperança, pois ela não nos deixa ser omissos nem coniventes com as coisas erradas. Se, no entanto, a indignação não for canalizada para alguma ação consciente e ordenada ao bem, ela servirá apenas para estimular mais descrença e desespero, instrumentos eficazes de revoltas e guerras na história humana.
A serpente que devora a própria calda, ou a cobra que bebe do próprio veneno, são imagens bastante ilustrativas para representar aqueles que hoje semeiam maldade, mas que amanhã se alimentarão dos frutos de sua própria e insensata semeadura.
“O mal devora a si mesmo” e aquele que participa de seu compartilhamento abre a possibilidade de atrair sobre si esse mesmo mal, como está escrito: “quem perturba a própria casa, herdará o vento” (Pr 11,29).
Outro pensamento refere-se ao fato de que, se alguém deseja acabar com a escuridão, pouco adianta maldizer ou odiar a escuridão. Para vencer a escuridão, acenda uma luz! Para não perder a paz sob os males da mentira, fale e sempre viva na verdade. Vence o mal aquele que pratica o bem.
Por fim, se o mal devora a si mesmo, alguém poderia ainda perguntar, por que devo com ele me preocupar? Ele não destruirá a si mesmo? Sim, o mal destrói a si mesmo, mas enquanto o amor não triunfar, o mal continuará voltando com outros nomes. O mal do nazismo, por exemplo, destruiu a si mesmo, mas o mesmo mal voltou com outros nomes: comunismo, fascismo, terrorismo etc. O mal que devora a si mesmo continuará voltando até que triunfe o amor. Só o amor pode construir uma sociedade verdadeiramente humana.
Que o Amor seja a base de tudo! Que o Bem promova quem o pratica! E que a Verdade faça livre e guie as pessoas de boa vontade.