O padre José Eduardo de Oliveira e Silva, da Paróquia São Domingos em Osasco (SP), é um dos indiciados no inquérito da PF (Polícia Federal) por fazer parte do esquema de suposta tentativa de golpe de Estado em 2022. De acordo com informações da corporação, o padre integrava o núcleo jurídico e era responsável por assessorar e elaborar minutas de interesse do grupo.
O religioso é conhecido nas redes sociais por gravar vídeos no Youtube discutindo guerra cultural, aborto e a influência ruim das músicas e divas pop na vida de crianças e adolescentes.
Famoso por criticar aborto, questões de gênero, homossexualidade e a influência negativa da música pop na vida de jovens, o padre já fez participações esporádicas em canais de direita opinando sobre assuntos do momento. Vigário oficial da Paróquia São Domingos, no bairro de Umuarama, em Osasco (SP), atua na Igreja Católica há 18 anos.
O relatório final do inquérito, que tem mais de 800 páginas, foi concluído no início da tarde desta quinta e vai ser entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF).
O padre José Eduardo é citado como integrante do núcleo jurídico do esquema. Segundo o ministro Alexandre de Moraes, o núcleo assessorava os membros do suposto plano de golpe de estado na elaboração de minutas de decretos com fundamentação jurídica e doutrinária que atendessem aos interesses golpistas.
De acordo com a Polícia Federal, o padre supostamente participou de uma reunião no dia 19 de novembro de 2022, com Filipe Martins e Amauri Feres Saad – outros dois indiciados- como indicam os controles de entrada e saída do Palácio do Planalto.
O encontro, segundo o inquérito da PF, fazia parte de uma série de discussões convocadas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para “tratativas com militares de alta patente sobre a instalação de um regime de exceção constitucional.”
Filipe Martins era ex-assessor especial de Bolsonaro e foi preso pela PF em fevereiro.
Durante a operação em fevereiro, o padre José Eduardo de Oliveira e Silva foi informado pela PF que terá que cumprir medidas cautelares para não ser preso.
Entre elas, a proibição de manter contato com os demais investigados da operação, o compromisso de não se ausentar do país e entrega de todos os passaportes (nacionais e estrangeiros) no prazo de 24 horas.
Em nota, o advogado Miguel Vidigal afirmou que não recebeu nenhum relatório disponível. “Temos uma nota da Polícia Federal com alguns nomes indiciados.”
“Menos de 7 dias depois de dar depoimento à Polícia Federal, meu cliente vê seu nome estampado pela Polícia Federal como um dos indiciados pelos investigadores. Os mesmos investigadores não se furtaram em romper a lei e tratado internacional ao vasculhar conversas e direções espirituais que possuem garantia de sigilo e foram realizadas pelo padre.
Quem deu autorização à Polícia Federal de romper o sigilo das investigações? Até onde se sabe, o ministro Alexandre de Moraes decretou sigilo absoluto. Não há qualquer decisão do magistrado até o momento rompendo tal determinação.