Ponzetta, o amor italiano pela cidade de Osasco

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Ele chegou no Brasil com 6 aninhos. O clã Ponzetta somava-se a tantas outras famílias italianas que escolheram deixar a Europa em busca de prosperidade na América do Sul. Estamos nos primeiros anos de 1950 com o mundo ainda se limpando dos desastres da II Guerra, com os Estados Unidos e União Soviética violentos na guerra fria e, na península coreana, com a tensão entre Sul e Norte perto do choque.
Ettrore Ponzetta ouvia a família falando desses casos, mas estava longe daquela dura realidade adulta. Para ele, o que importava era a família e nada mais. E quando foi a hora de se despedir da terra natal, vivia tremenda aventura cruzando o mar com destino ao país tropical. “Naquela época não se falava especificamente de Brasil porque a informação era pouca. Os patrícios apenas diziam que na América se pisava em ouro”, lembra Ponzetta, hoje com 73 anos e de volta à Itália.
Ele vive em Frosinone, província do Lácio na região sudeste do país. A cidade tem pouco mais de 470 mil habitantes e fica a menos de 100km da capital italiana. Corretor de imóveis bem-sucedido, há dois anos decidiu retornar para a terra de origem e após toda uma vida no Brasil. Desde os 6 anos aqui, teve a juventude e o futuro marcados nas ruas de Osasco. “Quando a família chegou na cidade, ficamos no Jardim São José que depois seria Jardim D´Abril, na zona Sul. Nós morávamos no centro de São Paulo quando meu pai comprou um terreninho ali”, lembra Ponzetta.
Nos anos 50, não havia Osasco como cidade, era um dos bairros da Capital. Claro, vida muito difícil porque não havia infraestrutura urbana, os serviços públicos eram sofríveis e, então, cada dia era um dilema – ruas pavimentadas eram raridades e o centro do bairro fazia fronteira com áreas rurais desprovidas de tudo.
Na época do moleque Ponzetta, nada de água encanada, energia elétrica etc. No mais, a barreira do idioma para aumentar as dificuldades. Mas foi nesse cenário que a família batalhou forte para se estabelecer. “A vida era mesmo muito dura, a gente ia caçar passarinho pra comer e também pescava. Não havia cerca na redondeza e a gente também podia comer muitas frutas. Então o progresso foi chegando e eu pude ir pra escola e aprendi a falar o português”, continua.
Com o tempo, a família imigrante entrou no ramo de imóveis, construindo casas e fazendo acontecer. O jovem Ettore logo se formaria químico industrial, mas foi como corretor de imóveis que bombaria no mercado. “Ajudei no crescimento de Osasco, dei emprego pra muita gente nesses 66 anos de Brasil.”
E por que contar um pouco da história desse italiano osasquense? Apesar de estar a mais de 9 mil quilômetros de distância, Ettore Ponzetta não deixa de acompanhar todo noticiário daqui. “Estou muito triste com o que acontece em nossa cidade. Eu cresci numa Osasco com casas e quintais, muitas árvores e onde a chuva podia cair livremente. Mas hoje o cenário é outro, vemos uma cidade de concreto e que não respeita o meio ambiente.”
E continua: “Penso que Osasco precisa voltar a olhar pra natureza. Não adianta a gente fazer ações pra desabrigados da chuva de todo ano, isso ajuda de um lado, mas não resolve o problema porque no ano seguinte as tragédias se repetem. Entendo que o poder público poderia atuar com os moradores para que façam fossos de captação de água, com direito a redução do IPTU. Outra coisa, que os moradores deixem parte dos quintais sem cimento. Tudo, é claro, com benefícios nos impostos. E como há muitos prédios, questões ecológicas devem ser as principais exigências. Por exemplo, a reutilização da água das chuvas.”

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