Psicóloga e dançarina, Mônica Belarmino sobre treinos pós-pandemia e saúde mental 

Capa Esportes Márcio Silvio

Certo, se há questões a resolver com alguém que berra estar de cabeça quente, melhor respirar fundo e procurar por alternativas; e se outro alguém se achegar com voz tipo gato de telhado, dizendo que está com a cabeça pesada, hora de ser ouvidos….

Mônica Belarmino é psicóloga com clínica em Barueri. Principalmente com o fenômeno da pandemia, ela tem registrado alta demana de pacientes berrando cabeça quente ou miando cabeça pesada.

E não é por menos, o vírus chegou em 2020 trancando todo mundo, fechando portas e janelas, período tenso onde ouvia-se de um novo normal. “Isso mexeu com a vida afetiva, social e econômica; também expôs nossa vulnerabilidade”, observa a doutora que, como todos no mercado, precisou adequar-se rapidamente ao sistema.

Se a pandemia fechava o mundo físico, abria portais do virtual. “Num primeiro momento nos ajoelhamos diante dessa tragédia, depois nos levantamos. Durante esse período, minha vida teve um avanço significativo”, complementa a psicóloga, apontando para o formato online dos atendimentos e das ferramentas que possibilitam levar a clínica para todo País e até para fora.

Mas agora o Brasil volta a se abraçar, os muros da quarentena foram quebrados, tudo como antes etc. Mas há algum perigo escondido nessa nova realidade? Em termos de postagens nas redes sociais parece que não, só alegria de sorrisos largos etc.

Mas o olhar clínico não se deixa levar: “Querem exibir um sentimento de segurança, de não mais perigo; isso põe em risco a noção de realidade. Fazer várias coisas para chamar atenção e ser notado é uma busca por pertencimento. Estamos falando de afeto”, completa a doutora.

Ela cita as academias novamente lotadas como exemplo. “Todo mundo saudável, malhando e treinando forte. Mas uma coisa é o corpo, outra é a mente. O treino interior, esse preparo é o mais importante.

COMO DOIS E DOIS….
Caetano Veloso estava exilado em Londres quando recebeu visita de Roberto Carlos em 1969. Anos de regime militar e a vida era assim. Pois bem, em 1971 o rei da Jovem Guarda cantava uma composição de Caetano que cutucava o sistema.

‘Como dois e dois’ é um clássico sob a política cantando que está tudo certo mas com final cinco – então, esse certo é para ser posto em xeque. A tirada caetanista na voz do Robertão teve endereço federal em 1971 mas, é claro, para se tornar atemporal.

No Brasil de hoje e nesse momento pós-pandemia, dois e dois continuam dando cinco? A doutora Mônica transporta essa interrogação nacional para o individual responder – diz que cada um tem que fazer o resultado. “Não há receita geral, depende da busca de cada qual. Mas não vale se lançar cegamente em tudo.”

Com vida a mil entre consultório e outras agendas, qual seria o fechamento da doutora para essa conta? “É preciso equilibrar a rotina diária, prestar atenção… Então, eu complemento minha vida com atividade física, com dança do ventre e dança cigana. Vejo o quanto isso me fortalece lá no espaço da professora Fátima Rellva (Osasco). Tanto é que indico a dança a meus pacientes e tenho uma ali comigo – somos colegas de bailado e ela é muito agradecida pela indicação.”

Ainda sobre o resultado de dois e dois, treino mental em primeiro plano: “Cuidar do corpo, da estética, da alimentação e da saúde física, tudo é qualidade de vida. No entanto, é preciso considerar a saúde mental.”

A doutora reforça a atividade física como grande parceira da mente sã mas adverte que o engano está em apostar que mergulhar nos treinos resolve demandas da alma. O esporte profissional, por exemplo, localiza esse perigo e psicólogos passam a ganhar mais espaço complementando os trabalhos técnicos. Sobre a psicóloga e dançarina Mônica Belarmino, a clínica Lev.mente fica na Avenida Henriqueta Mendes Guerra, 1.330, entorno do centro de Barueri.

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