Quando obteve índice para as Surdolimpíadas no ano passado, o atleta Romailson Santana sabia que fazia história com o técnico David Alisson, pois levariam Osasco pela primeira vez a esse cenário mundial – entre 77 países para 38 modalidades.
As Surdolimpíadas terminaram domingo passado na gaúcha Caxias do Sul e com Romailson de Osasco deixando passadas felizes na pista do Sesi – ele competiu nos 400m, nos 4×100 e também nos 800m. A delegação brasileira disputou em dezessete modalidades no masculino e em catorze no feminino – vôlei, handebol, basquete, atletismo, badminton, natação, ciclismo de estrada, montain bike, tiro, orientação, tênis de mesa, judô, karatê, tênis, vôlei de praia e taekwondo.
O país ainda está em construção nessa classe e a Confederação Brasileira de Desportos de Surdos destaca os bronzes dos judocas Rômulo Crispim/Rondônia (66kg) e Alexandre Fernandes/RJ (90kg), do nadador Guilherme Maia (duas medalhas), do handebol feminino e do futebol feminino.
Na última edição, por exemplo, o Brasil somou cinco medalhas. Sim, o avanço ainda é bem lento mas a confederação projeta ativar modo turbo para Tóquio 25. Romailson e o técnico Alison estão nessa expectativa e já planejam as próximas competições – todas voltadas para as Surdolimpíadas no Japão.
QUER TREINAR?
O atleta tem 25 anos e cumpre oito temporadas correndo por Osasco. Então, um trabalho ano a ano até chegar a esse nível olímpico. Romailson nasceu surdo e a entrada dele na pista foi por uma sacada do treinador.
Naquela época, David Alison era assistente e ajudava num peneirão sub 14. Então ele viu aquele moleque de olhar intenso sobre tudo o que rolava. Um tempinho depois, o professor soube que o garoto não ouvia mas, percebendo o olhar do moleque, foi lá e fez sinal com a mão para que o seguisse – Romailson era um ano além da categoria e acenou alegremente ao saber do convite dado: quer treinar?
Mesmo com idade acima da categoria, ele foi avaliado, passou nos testes, foi inscrito no projeto do atletismo e o resultado está aí. Então, essa pequena história acaba valorizando demais a chegada do atleta às Surdolimpíadas e sob comando do mesmo Alison, agora técnico titular – uma caminhada de comprometimento, dedicação e confiança. História que segue e apontando para Tóquio 25. Em Caxias do Sul, Romailson chegou às semifinais dos 400m e também nas semis dos 800m; nos 4x100m, oitavo lugar.
