Foram oito dias internado no Hospital Municipal de Barueri (HMB) por causa do novo coronavírus. Em alguns momentos a situação chegou a ser tão crítica que achou ser o fim. O professor Edvaldo Antônio Martins, de 48 anos, orientador educacional na Emef Osvaldo Batista Pereira, sentiu na pele o quanto esse vírus torna ainda mais frágil a vida: “Esse processo pelo qual passei serviu para me mostrar que precisamos valorizar a vida e confiar em Deus, pois nós temos nossos planos, porém a qualquer momento tudo pode mudar”, relata. Felizmente teve uma segunda chance e agora pode contar como foi a experiência.
Casado, pai de um rapaz de 20 anos e de uma moça de 18, e há 22 anos trabalhando na Educação de Barueri, Edvaldo começou a sentir os primeiros sintomas da doença no dia 21 de abril. Com a piora, procurou o Pronto-Socorro do Jardim Silveira. “Inicialmente os sintomas se manifestaram semelhantes a uma rinite alérgica, depois evoluíram para mal-estar, cansaço extremo, febre alta e tosse seca, que foi piorando, e finalmente falta de ar. Quando tossi demais saiu sangue do nariz, fui levado ao PS e imediatamente colocado no oxigênio. A seguir fui enviado ao HMB para internação, onde fiquei com catéter no nariz e sendo medicado devido à baixa saturação de oxigênio no organismo”, detalha.
O professor já havia passado pelo PS e pelo HMB em outras ocasiões de sua vida, das quais garante sempre ter sido muito bem atendido, mas perante esse quadro de pandemia, e principalmente por estar entre os infectados pela Covid-19, diz ter se deparado com equipes ainda mais comprometidas. “Por já ter sido tratado tanto no PS quanto no HMB em datas anteriores, onde já fui muito bem atendido, me surpreendeu a dedicação ainda maior de todos, desde a equipe de limpeza até os médicos, todos lidando com uma situação que nem tinham certeza de como caminhar, mas fazendo todo o possível para salvar todos quanto possível”, diz.
A internação no HMB começou no dia 2 de maio; no dia 10 do mesmo mês, finalmente, recebia alta. Segundo conta, foram oito dias de grandes incertezas, principalmente os seis primeiros, que exigiram ventilação mecânica. “Fiquei um pouco abalado, pois, diante do quadro no qual estava tendo até delírios e não sentia que estava melhorando, cheguei a pensar que não iria resistir. O fato de não poder receber visitas e estar em isolamento contribuíram para pensamentos negativos, porém, tive forças e acreditei que era tudo necessário para uma boa recuperação. Com o passar dos dias e os cuidados e medicações ministradas, percebi gradualmente uma melhora e pude acreditar que estava em processo de recuperação”, descreve.
Edvaldo ficou muito satisfeito com a assistência recebida na rede de saúde de Barueri. “Ambos, Pronto-Socorro e HMB, me atenderam muito bem. Foram atenciosos, cuidadosos e buscaram ativamente me tratar da melhor maneira possível diante do meu quadro de saúde, visto não ter um tratamento regulamentado a ser seguido para diagnóstico e tratamento da Covi-19 no mundo todo”, afirma.
Vida pós-coronavírus
E a vida pós-coronavírus? Muito se fala em vida e morte nessa pandemia, mas poucos abordam como se transformam aqueles que conseguem vencer a doença e o que muda diante de tal vitória. Para Edvaldo, valorizar mais a vida, o convívio em família e os amigos verdadeiros ganhou ainda mais sentido. Além disso, ele também frisa a necessidade de saber ouvir e agir com prudência em momentos difíceis e procurar ser o melhor sempre.
“Ter vencido a batalha contra a Covid-19 é uma sensação maravilhosa, pois muitos infelizmente não conseguiram. É se sentir vivo e poder ter uma nova oportunidade. É sentir que posso acordar e contemplar a beleza do nascer do sol, observar a perfeição da natureza, refletir sobre as ações humanas e perceber que o ser humano precisa aprender muito, precisa melhorar suas ações, precisa valorizar a vida, respeitar o próximo, a natureza e buscar se aproximar de Deus, pois só assim poderemos viver em um mundo mais harmonioso, de paz, igualdade, fraternidade e liberdade”, expressa o professor sobre o que aprendeu com essa experiência.
Para quem está enfrentando a doença, ele deixa uma mensagem de coragem: “é preciso ter fé, em primeiro lugar, acreditar que os médicos estão fazendo o melhor que eles podem e que o seu pensamento positivo é um instrumento poderoso para ajudar a vencer esta batalha. A luta não é fácil, eu bem sei, mas se nós desistirmos de lutar, a batalha será perdida. A vida é uma aventura, na qual algumas vezes temos o controle, outras não, porém, é uma experiência que faz com que o ser humano aprenda, valorize, se descubra e encontre o seu verdadeiro eu”, finaliza.
Edvaldo hoje está completamente recuperado e já retomou suas atividades profissionais na escola da rede onde atua. Após ter vencido essa batalha, apela para que as pessoas sigam as orientações das autoridades de saúde, mantendo o distanciamento social, evitando aglomerações e usando máscaras sempre que forem sair de casa para conter a propagação do vírus. “Nossas ações e atitudes dirão que tipo de pessoa somos”, pontua.