Em nosso artigo anterior falamos sobre a consciência moral em sua relação com a verdade e o bem, que tem como fundamento a lei natural. Interessa-nos agora dizer sobre como se dá a formação da consciência. Penso que dessa forma responderemos a questões importantes apresentadas por alguns de nossos leitores.
A consciência é aquele “eu mais íntimo do homem” que o chama sempre a amar, a fazer o bem e evitar o mal. Ela se manifesta a partir da lei natural que o impulsiona na busca da verdade e do bem. Para ser reta e verídica, é precisa que ela seja formada por meio de um processo denominado “educação da consciência”, um processo que dura toda a vida da pessoa.
Embora tenha como fundamentado a lei natural, a consciência moral pode, ao longo do tempo, sofrer as consequências de uma má formação. Submetido constantemente a influências negativas e a todos os tipos de enganos, o ser humano – influente e influenciável – pode absorver essas influências e adotar para si certas teorias equivocadas, além de más referências comportamentais. Sob essas condições é possível que o homem venha fazer juízos errôneos sobre atos já praticados ou a praticar. De qualquer forma, a consciência sempre será um auxílio ao homem no discernimento para a escolha entre o bem e o mal.
A educação da consciência é a metodologia natural a ser aplicada por aqueles que visam para si uma vida prudente e virtuosa. Se alguém deseja promover e realizar o bem não poderá esquivar-se desse processo de formação. Mais que isso, educar a consciência é uma tarefa que começa em cada pessoa – na liberdade e humildade de se deixar moldar pelo encontro com a verdade – mas conta também com a colaboração de educadores externos que, por sua vez, sejam capazes de apontar caminhos que ajudem a pessoa no progresso das virtudes.
É verdade que em qualquer momento da vida é possível realizar o trabalho de aperfeiçoamento da consciência. Mas se esse trabalho de educação da consciência for iniciado desde os primeiros meses de vida, é certo que a pessoa humana alcançará mais rapidamente um boa consciência moral e, consequentemente, vir a ser uma pessoa melhor. Os pais ou professores, por exemplo, trazem consigo um grande poder de influência sobre a formação da consciência de uma criança. Seja através de bons e sábios conselhos ou por meio de bons exemplos, esses formadores de consciência se tornarão referências naturais para essa criança que poderá crescer com mais possibilidade de acertos nas decisões que a vida lhe exigir.
Os desvios de comportamento que percebemos hoje em tantos adolescentes, jovens e adultos de nosso tempo estão ligados a muitos fatores subjetivos (de ordem psicológica) ou exteriores (relações sociais, política ou familiares, por exemplo). É em meio a tudo isso que se encontra o problema da falta de uma adequada formação da consciência. O relativismo cultural, a falta de coerência entre o discurso e a prática, o egoísmo que promove o individualismo, somados à falta de princípios e valores morais dificultam ainda mais a formação da formação da consciência em nossa juventude. Eis aí uma exigente tarefa a realizar, se queremos uma sociedade com pessoas melhores.
Por fim, e no desejo de colaborar com esse processo de formação da consciência, sugerimos algumas orientações práticas que podem nos ajudar nesse caminho:
– Procure sempre o que é justo e bom;
– Jamais se canse de buscar e promover a verdade e o bem;
– Lembre-se que “praticar um mal para que daí resulte um bem” será sempre uma atitude imoral;
– Não se esqueça da regra de ouro: “tudo aquilo que quereis que os outros vos façam, fazei-o vós a eles”.
– E por fim, respeite as “decisões de consciência” do outro, ainda que sejam divergentes da sua, pois cada um será julgado segundo a própria consciência.
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Poderia indicar alguma fontes de leitura para que pudesse adentrar mais ao assunto?