Muitas vezes nos pegamos num beco sem saída. Parece que não há rotas de fuga, não há uma solução e muito menos um norte. São momentos assim em qualquer segmento que devemos usar a nossa criatividade. Se é na gastronomia, uma improvisação. Se é na área administrativa, uma força tarefa. Se é num comércio, uma inovação. Se é na vida amorosa, uma conversa definitiva. Pra todo beco existe uma saída. Basta ativar a inspiração.
A palavra “Inspiração” na fisiologia, é a ação da entrada de ar nos pulmões que causa relaxamento dos músculos intercostais e do diafragma. Talvez por isso a mesma palavra também é uma expressão utilizada para transmitir a ideia de que alguém é fonte de motivação, estímulo e criatividade para outra pessoa.
Olhe para seu redor. Deve existir alguém, algo ou razões para te inspirar.
Mesmo assim caso ainda não tenha encontrado, segue um trecho histórico que resgatei de uma crônica que escrevi, baseada em fatos reais, a alguns anos. De repente pode te ajudar.
Respire!
“Pô Paulo, escreve uma musica para minha Portela!
Esse foi o pedido que desafiou o compositor. Mas Paulo sabia que não seria fácil. Como cantar a Portela, sendo que a pouco tempo outro Paulo, o da Viola, já tinha eternizado a Escola com o “Foi um Rio que passou em minha vida”? E justo ele Mangueirense criado em São Cristóvão e crescido no Paraiso do Tuiuti? Mas como negar um pedido da esposa? E lá foi Paulo atrás da inspiração. Vagou em pensamentos, rabiscou, escreveu coisas sem sentidos até que desistiu o foi dormir. Na manhã seguinte foi até a sacada, xicara de café na mão, pensamento ainda divagando sobre o tema. Eis que uma brisa mais forte adentra o apartamento e como se fosse um suspiro de inspiração balança uma toalha de renda. Era o cantinho que Clara tinha feito. Uma pequena mesa de fazenda, encostada na parede uma toalha de renda e um oratório aberto, rodeado de imagens de Orixás e dentro alguns Santos Católicos. No centro, e em destaque uma Nossa Senhora da Aparecida, Padroeira do Brasil e por cima pendurado na parede uma Pomba do Espirito Santo com as asas abertas. Paulo sentiu um arrepio pelo corpo. Sua mente abriu. Estava ali na sua sala o que procurava desde o dia anterior. O Sagrado e o Profano. O Manto Azul e Branco da Santa, justo as cores da Portela. A Águia da Portela de asas abertas e a Pomba do Espirito Santo. Os fieis da Escola, os Santos do Altar, todos desfilando como em uma enorme procissão, rumo ao Altar de suas Apoteoses.
Assim Paulo Cesar Pinheiro com a mão tremula, escreveu o Samba pra sua amada Portelense, Clara Nunes e cumpriu a sua promessa… “
“Portela
Eu nunca vi coisa mais bela
Quando ela pisa a passarela
E vai entrando na avenida
Parece a maravilha de aquarela que surgiu
O manto azul da padroeira do Brasil
Nossa Senhora Aparecida
Que vai se arrastando
E o povo na rua cantando
É feito uma reza, um ritual
É a procissão do samba
Abençoando
A festa do divino carnaval
Portela
É a deusa do samba,
O passado revela
E tem a Velha Guarda como sentinela
E é por isso que eu ouço essa voz que me chama
Portela
Sobre a tua bandeira, esse divino manto
Tua águia altaneira é o Espírito Santo
No templo do samba
As pastoras e os pastores
Vem chegando da cidade e da favela
Para defender as tuas cores
Como fiéis na santa missa da capela
Salve o samba, salve a santa, salve ela
Salve o manto azul e branco da Portela
Desfilando triunfal sobre o altar do carnaval”
Que esse texto te inspire também, meu amigo leitor!
Até a próxima pessoal!!!!
(Portela na Avenida, historia, Paulo Cesar Pinheiro)
Texto adaptado, Alexandre Frassini