XV de Piracicaba, a Herança Caipira do Futebol Paulista

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Por Luciano Lub, Francisco Rossi Junior e Alexandre Frassini

O XV de Piracicaba ocupa um lugar de destaque na seleta galeria dos times do chamado “futebol raiz”, ostentando duas características muito marcantes que fortalecem sua identidade: a belíssima camisa alvinegra zebrada e o simpático apelido “Nhô Quim”, revelador do orgulho de suas raízes culturais caipiras.

Resultado da fusão entre duas agremiações de trabalhadores da próspera cidade do interior paulista (12 de Outubro e Vergueirense), o Esporte Clube XV de Novembro foi fundado em 1913 e batizado em homenagem à data da Proclamação da República brasileira.

Dono de uma das maiores e mais apaixonadas torcidas do interior de SP, o Quinze construiu uma trajetória respeitável ao longo de seus mais de 100 anos de existência. Entre outros triunfos, o tradicional time de Piracicaba conquistou 1 título brasileiro da série C (1995), 6 estaduais da A2 (1931, 1947, 1948, 1967, 1983 e 2011) e 1 vice-campeonato Paulista (1976, contra o Palmeiras).

Mas, nem só de futebol vive o “XVzão”. O basquete também é um esporte vitorioso no cenário estadual. Não é à toa que a modalidade é citada no Hino do clube.

Nas disputas esportivas , o XV de Piracicaba também tem rivais. Mas o maior deles não é o seu xará de Jaú… Para os Quinzistas, o Guarani (principalmente) e a Ponte Preta são seus grandes adversários. Talvez pelos tamanhos de suas torcidas, ou pela rivalidade regional histórica entre as cidades de Piracicaba e Campinas, ambas formadas ao longo dos ciclos econômicos da cana-de-açúcar e do café e povoadas por imigrantes que vieram trabalhar nas lavouras em substituição ao infame sistema escravista.

Aliás, a abolição da escravidão em 1888 teve como uma de suas consequências o movimento que culminou na Proclamação da República, no ano seguinte.
Em pleno dia 15 de novembro. (XV, no caso…).

Time dos Sonhos do XV de Piracicaba
Grandes jogadores passaram pelo XV de Piracicaba, seja iniciando a carreira no clube ou já consagrados, por isso não foi fácil escalar um “Time dos Sonhos” do XV de Piracicaba, mas no fim a escalação feita pela equipe do Bota Ponta, ficou assim: Donah, De Sordi, Biluca, Idiarte Massariol e Neves; Chicão, Doriva, Vadinho e Nardela; Paulinho e Gatão. Téc: Dema.

Abaixo, um breve histórico de cada um e o motivo de estarem nesta seleção. Ao final colocamos alguns nomes, que foram citados, não entraram no time, mas merecem menções honrosas.

Donah: Revelado pelo Palmeiras, foi o goleiro titular na campanha do vice-campeonato Paulista em 1976 contra o próprio Palmeiras. Título: Campeonato Paulista do Interior (1976)

De Sordi: Campeão com a Seleção Brasileira da Copa do Mundo de 1958, se profissionalizou no Nhô Quim, onde jogou de 1949 à 1951. Foi um bom marcador, com boa noção de cobertura, que pouco apoiava o ataque. Apesar da baixa estatura, cabeceava frequentemente.

Biluca: Revelado pelo clube em 1988 foi o capitão e autor do único título nacional da equipe em 1995. Título: Campeonato Brasileiro – Série C: (1995)

Idiarte Massariol: Foi um dos grandes nomes da história do clube. O ex-zagueiro fez 539 jogos (jogador com maior número de partidas pelo clube), marcou 58 gols. Títulos: Campeonato Paulista – Série A2: (1947 e 1948) e Torneio Início (1949)

Neves: Sua carreira se iniciou no clube do interior onde jogou de 1964 à 1968, como jogador do time fez uma partida pelo Brasil, sendo campeão da Taça Oswaldo Cruz em 1968. Título: Campeonato Paulista – Série A2: (1967)

Chicão: Era um volante que se destacava mais por sua disposição do que pela técnica. Era considerado um jogador raçudo e viril e, ocasionalmente, até violento. Mas era um verdadeiro líder em campo. Nasceu, iniciou a carreira profissional e foi sepultado em Piracicaba. Título: Copa Brasil Central (1969)

Doriva: Emprestado pelo São Paulo no primeiro semestre de 1995, neste período fez as suas 3 primeiras partidas pela Seleção Brasileira, sendo parte do elenco campeão da Copa Umbro. Foi um determinado e vitorioso carregador de piano.

Vadinho: Foi o ídolo da torcida quinzista nos anos 1980. Se destacava pela raça, dedicação, lealdade aos companheiros e adversários, grande regularidade e uma técnica com visão de jogo apurada. Defendeu o clube de 1977 a 1984. Ao todo, disputou 375 partidas, tornando-se assim, o quinto jogador com mais jogos pelo alvinegro. Títulos: Campeonato Paulista – Série A2 (1983) e Taça Rayovac-TV Record (1984).

Nardela: Aos 18 anos de idade, ainda iniciando sua trajetória profissional, o meio-campista foi um dos destaques do grupo vice-campeão Paulista de 1976, a melhor colocação do clube na história da competição. Título: Campeonato Paulista do Interior (1976)

Paulinho: Iniciou sua carreira profissional no Nhô Quim, e ainda como jogador da base fez parte do elenco da histórica campanha de 1976. No ano seguinte foi convocado para a Seleção de Juniores, 3º colocado no Mundial da Tunísia em 1977, chamando a atenção do Vasco da Gama que o contratou. Pelo clube carioca foi artilheiro do Campeonato Brasileiro de 1978. Título: Campeonato Paulista do Interior (1976)

Gatão: Centroavante e goleador, marcante jogador do clube no final da década de 1940. Atuou em 423 vezes pelo clube piracicabano e ao todo marcou 202 gols com a gloriosa camisa do Nhô Quim, sendo o maior goleador de sua história. Atacante espetacular e perigoso, nasceu e morreu em Piracicaba. Título: Campeonato Paulista – Série A2: (1947 e 1948) e Torneio Início (1949)

Dema: Jogador do Palmeiras nos anos 1950, encerrou a carreira futebolística em 1965 no clube do interior. A partir daí iniciou a sua carreira de treinador, tendo várias passagens pelo time piracicabano, inclusive comandando o time no histórico vice-campeonato de 1976, no melhor resultado de sua carreira como treinador. Título: Campeonato Paulista do Interior (1976).

Menções honrosas: Sidmar: goleiro campeão Brasileiro com o Bahia, em 1988, defendeu o XV entre 1985-1988 e depois entre 1992-1993; Aílton Luiz: campeão da Série A2 em 1983 e da Taça Rayovac-TV Record em 1984; Almeida: titular do time vice-campeão Paulista e campeão do Interior em 1976; Pianelli: revelado nas categorias de base do próprio clube, foi titular e destaque na campanha da conquista da Série A2 de 1983, marcando 17 gols na competição. No ano seguinte foi contratado pelo São Paulo; Dadá Maravilha: já veteraníssimo, com 39 anos, jogou no XV de Piracicaba no Campeonato Paulista de 1985. Não foi titular e nem o artilheiro de antes, mas a sua experiência de campeão do Mundo, em 1970, com a Seleção Brasileira, foi importante para o Nhô Quim, escapar do rebaixamento.

O OSASQUENSE TORCEDOR DO XV DE PIRACICABA
O nosso personagem do XV de Piracicaba é o professor de Ciencias e Biologia, Fausto de Oliveira Gomes. Falar de futebol e do Nhô Quim com Fausto é pura diversão. Ele afina o sotaque caipira e fala e orgulhos fala das coisas da cidade da terra da pamonha. Mas fala grosso se você disser que o XV grande é o de Jaú.

Influenciado pelo avô Pedro Oliveira, ou o Seu Pedro da Quitanda, como era chamado em Piracicaba, Fausto abdicou de torcer para os grandes times da capital e abraços o time do interior. Ele lembra com carinho de acontecimentos na cidade como o jogo do Centenario do clube em 2013 que parou a cidade toda. O jogo foi contra o maior rival do Nho Quim, o Guarani de Campinas. A festa varou a madrugada.

Alias no centenario o XV fez um jogo bem diferente também para comemorar a data. O jogo aconteceu no dia 22 de outubro de 2013, onde a equipe profissional enfrentou um time composto por 100 crianças, terminando em um empate de 4 a 4. O placar foi considerado secundário em relação à celebração do evento.

Fausto lembra com carinho das histórias que ouvia do avô. Por exemplo, em 1964, sob a presidência de Romeu Ítalo Ripoli, o clube fez uma histórica excursão internacional, jogando em países como Suécia, Polônia, Alemanha e até na então União Soviética, quando jogou contra a seleção do país.

Além disso, Fausto adora também o mascote do clube, Nhô Quim que representa o típico torcedor caipira e guarda com carinho as lembranças dos encontros da familia para ouvir na radio os jogos do grande XV de Piracicaba.

Viva o Nho Quim!!!

1 thought on “XV de Piracicaba, a Herança Caipira do Futebol Paulista

  1. Bom dia, li com muita atenção a matéria do XV publicada acima, tenho ele como meu segundo time e torço muito por ele, coleciono camisa de muitos times (cerca de 250) só do XV tenho umas 7, uma curiosidade, a uns 10 anos atrás meu vizinho onde moro (Aldeia da Serra, Santana de Parnaíba-SP) de nome Ulisses me deu uma camisa do XV, alguns dias depois ganhei uma outra camisa agora do amigo Ulisses Costa (narrador); li na reportagem que o XV têm um grande torcedor em Osasco e quero informar que não é apenas ele, pois nasci em Piracicaba em 1962 (orgulho de ser caipira de Piracicaba) e cheguei em Osasco em 1969 e lá me criando (estudando, trabalhando, empreendendo e casando) cidade essa que me proporcionou meu crescimento humano e também amo de paixão e agora (cerca de 30 anos moro em Aldeia da Serra – Santana de Parnaíba-SP) lugar onde também amo e trabalho e fiz grandes amigos; e todos sabem que sou quinzista pois quase toda semana uso uma camisa do time, já levei para o exterior a bandeira e tirei fotos de alguns lugares de onde vieram meus bisavós como na parte Italiana (Treviso) e parte Portuguesa (Guarda); assisti dezenas de jogos do XV em São Paulo e região e mutas vezes fui a Piracicaba só para ver o XV como por exemplo XV 2 x 2 Guarani e ganhamos nos pênaltis, fui sozinho e cheguei de madrugada em casa; tenho um grande amigo que comenta que narrou o jogo de inauguração do estádio Barão da Serra Negra (José Silvério) hoje aposentado. O XV faz parte da minha vida, faz parte da minha história. Vai XV.

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