Hoje acordei saudosista, lembrando de outras épocas, tempos diferentes, onde a paixão pelo futebol aflorava em cada um. Tempos de craques de verdade, jogadores que honravam suas camisas, seus clubes e a seleção brasileira era um verdadeiro “patrimônio nacional” na sua mais nítida expressão. Era o orgulho da nação. Tempos em que a família se reunia para assistir aos jogos, vibrava, festejava e ao final, ia pra rua comemorar ou pra chorar. E essa lembrança me fez recordar de quando choramos juntos.
O ano era 1982, Copa do Mundo na Espanha. Desde 1970 não tínhamos um time tão bom. Todo brasileiro se reconhecia naquela seleção. Tinha um pouquinho de cada um. Sabíamos os nomes, os times em que jogavam, o esquema tático e a escalação dos titulares e dos reservas. Após um susto no primeiro jogo, viramos o espetáculo. Um Mestre comandava seu time de craques como quem conduzia uma ópera. O mundo se rendeu a nossa seleção. E o Brasil vibrava com uma festa inesquecível ao final de cada jogo. Uma clima que se tratando de seleção brasileira, nunca mais ninguém vai ver. Ninguém parava a nossa seleção e enfim o sonhado tetra tava perto.
Só esquecemos de combinar com um cara, um tal de Paolo Rossi.
Para quem não sabe ou esqueceu, a Itália fez uma campanha pífia na primeira fase. Empatou os três primeiros jogos com a Polônia, Camarões e Peru e só não “caiu fora”, pois Camarões empatou um jogo por 0 a 0 e a Itália empatou um por 1 a 1, dando um saldo maior. Naquela época a vitória dava dois pontos e não três como é hoje. E a Polônia ficou em primeiro com quatro pontos. Na segunda fase eram formados grupos de três times e um grupo se formou com Brasil, Itália e Argentina. Itália e Brasil venceram a Argentina e o ultimo jogo virou um mata mata. Ai surge o imponderável no futebol. Um jogador sem muita expressão, franzino e longe de ser um craque, mas com uma incrível capacidade de estar no lugar certo na hora certa, fez a diferença e derrubou a seleção brasileira que assombrava o mundo com um futebol avassalador. Fez os três gols, que doem até hoje, e a Itália nos eliminou.
Lembro que o inconformismo era tanto que começaram a divulgar boatos (Fake news nos anos 80) de que ele jogou dopado e que a seleção italiana ia ser eliminada. Que nada! O cara ainda fez mais dois gols na semi e um gol na final, foi campeão, artilheiro e o craque daquela inesquecível Copa. A última que uniu o brasileiro, a ultima em que vestimos a mesma camisa para comemorar e a última em que doeu de verdade nos nossos corações.
Hoje a gente nem sabe se tem jogo!
Até a próxima pessoal!!!!