Djefini Carvalho dez vezes campeã sul-americana de karatê vai ao quarto Mundial do Japão

Colunistas Esportes Márcio Silvio

Ela tem 31 anos, uma filhinha de 2 aninhos (Zayra) e não vive do karatê, é fisioterapeuta. Quando o cartel de Djefini Carvalho é conferido, fica a impressão que ela é uma profissional do kimono e que se dedica 24h para conseguir os resultados. Afinal, é dez vezes campeã sul-americana, já disputou três Mundiais no Japão e está embarcando para a quarta participação em Tóquio; tem ainda três Copas do Mundo entre outras competições internacionais.
Djefini pode ser chamada de Djefininja por tantas conquistas. Hoje é faixa-preta e sensei (professor). Começou no karatê aos 10 aninhos – era 1998 quando aquele toquinho foi para os Estados Unidos surpreender com o título mundial infantil; no mesmo ano estaria em Cuba para ser campeã sul-americana.
Em 2004 e aos 16 anos, começava a reinar na categoria avançada. Desde então foram dez títulos sul-americanos, posto que faz da sensei uma lenda do karatê shinkyoshinkai – estilo que é trocação pura. A fera foi campeã em 2004 no Brasil e em 2006 na Argentina; levantaria os títulos nos dois anos seguintes, Chile e Uruguai; voltaria à Argentina para ser pentacampeã em 2010 e repetiria o pódio de ouro no Brasil em 2012; em 2014 arrebentou tudo na Bolívia para confirmar o favoritismo nas duas edições seguidas no Brasil, 2015 e 2018. Com nove títulos na conta, ano passado foi para mais um Sul-americano e realizado em casa, Barueri – Djefini lutou lesionada mas confirmou-se lenda com o décimo título.
O torneio sul-americano é o passaporte para o Mundial porque apenas a campeã tem vaga. Desde o início do ano a sensei vem treinando para Tóquio e embarca no próximo dia 4. Ela forma com outros cinco atletas, entre eles Rafael Cardoso, faixa-preta e marido que também vai para o quarto Mundial. A delegação tem ainda Lucas Cavalheiro/Tatuí, Marcelo Matos/São Bernardo do Campo, Diogo Rosa/Santa Catarina e Jeferson Martins/Mato Grosso do Sul. Quem assina como técnica da equipe é a sensei DulceNakao, mãe de Djefini; quem responde por toda essa força do shinkyokushinkai no Brasil é o shihan (mestre) Denivaldo Carvalho, esposo da treinadora e membro da Comissão Organizadora do Mundial.
Certo, Djefini tem ao lado pai, mãe e o maridão, só que quando se trata de karatê não tem nada disso porque o código marcial fala primeiro – de kimono todos são karatê e, então, o tempo fecha. “Vamos chegar em Tóquio no dia 6 e o campeonato será nos dias 9 e 10 de novembro”, observa o shihan Denivaldo. “Todos atletas estão muito bem treinados e o Mundial é aquela coisa, não tem divisão por peso como uma Copa do Mundo. É ir pra guerra”, completou.
“Venho treinando de segunda a sábado. Faço um período de manhã e outro à noite”, conta a sensei Djefini. O primeiro Mundial dela foi em 2007; voltou em 2011 e ficou entre as seis melhores do mundo; em 2015 e na última edição (o torneio é quadrienal), ela não passou de duas lutas porque estava com o cotovelo lesionado.
Agora mais experiente, nossa heroína é sangue nos olhos para a batalha no Musashino Forest Sport Plaza, Tóquio. A estreia é contra uma da casa, Kokona Nomura, jovem de 19 anos que promete impor velocidade; passando pela japonesa, Djefininja enfrenta a russa Irina Valieva, osso duro e também com 31 anos. Na sequência, as adversárias são ainda mais terríveis. “As favoritas ao título são as japonesas Juri Minamihara e Sayaka Kato”, aponta a sensei. São 43 lutadoras em dois dias de combates eliminatórios até o título.

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