Ao craque solidário, Sóstenes Brasileiro

Alexandre Frassini Capa Colunistas
Por – Alexandre Frassini

Vai começar a chover. Só eu tenho um guarda-chuva. Adivinha quem vai se molhar?
Ah, depende! Se você seguir a bela letra do samba rock de Elizabeth Viana, quem vai se molhar é você. Mas, se estivesse ao lado do nosso homenageado de hoje, com certeza você ficaria seco.

Imagine ser irmão de dois craques de gerações diferentes. Um foi gênio nos anos 80, encantando o Brasil e o mundo. Símbolo de uma geração, ídolo corintiano, reverenciado por todas as torcidas. O outro, um craque refinado, sereno, inteligente, campeão de tudo nos anos 90 e até hoje adorado pela torcida são-paulina.

Dois gênios do futebol brasileiro. E, ainda assim, outro craque surgiria na família — longe dos gramados, longe dos holofotes, sem ser pauta nos debates esportivos ou manchetes nos jornais. O craque da solidariedade: Sóstenes Brasileiro, que infelizmente nos deixou neste mês de maio.

Sóstenes, irmão dos ex-jogadores Sócrates e Raí, foi figura fundamental na Fundação Gol de Letra. Durante 23 anos à frente da instituição, teve papel essencial na promoção de projetos sociais que unem educação e esporte para crianças e jovens em situação de vulnerabilidade.

A Gol de Letra, reconhecida pela UNESCO, é um exemplo claro de como o esporte pode transformar vidas. Sob a liderança de Sóstenes, a fundação desenvolveu atividades educativas e culturais que abriram portas para o futuro de muitos jovens.

Recentemente, a Fundação prestou homenagens a Sóstenes, exaltando sua dedicação e visão transformadora. Ele sempre reforçava a importância da educação e do esporte na formação de jovens — defendia que, com as oportunidades certas, vidas inteiras podem mudar.

A Gol de Letra, fundada por Raí e Leonardo, tem atuação significativa em diversas comunidades. Na vila Albertina, zona norte de São Paulo, são oferecidos projetos de educação, esporte, cultura e formação profissional, promovendo o desenvolvimento integral dos participantes.

Na região, a escola pública E.E. Dr. Sócrates Brasileiro também aplica a metodologia da fundação, oferecendo educação integral que combina aprendizado acadêmico com atividades culturais e esportivas. Esses projetos refletem o compromisso com a transformação social e a melhoria de vida das comunidades onde atuam.

E Sóstenes brilhava nesse campo solidário. Ditava o ritmo da equipe com sabedoria e coragem. Como todo grande craque, liderava com a maestria do irmão camisa 8 do Timão e a cabeça erguida do mano caçula, camisa 10 do Tricolor. Na periferia paulista, Sóstenes jogava em todas.

O dia que conheci Sóstenes

Saí de Osasco pela manhã rumo à Vila Albertina. A missão era ministrar uma oficina gastronômica em uma escola da comunidade local. Nada de novo — já tinha experiência de sobra e podia estar tranquilo. Podia… mas não estava.

Primeiro, por causa do trânsito infernal de início de tarde de sábado. Segundo, porque era a primeira vez que eu faria essa oficina na fundação criada por um dos meus maiores ídolos no futebol: Raí.

A oficina foi um sucesso. Tudo correu bem e com muito prazer. Me chamou a atenção a dedicação e pró-atividade da equipe da fundação — sempre prestativos, trabalhando em sintonia. Até que, no final, um cara grandão, de rosto familiar, entrou na sala. Era Sóstenes.

Fui apresentado e trocamos algumas palavras. Claro que não perdi a oportunidade de contar que os dois irmãos dele me causaram alegrias e tristezas. Sócrates me fez chorar, literalmente, como criança em 82 e 83. Raí encheu meu coração de alegria nos mundiais do Tricolor.

Ele sorriu e disse, gargalhando:
— “Tudo santista!”

Foi um encontro inesquecível, que guardo com carinho. E deixo aqui meus sentimentos à família e a todos os amigos da Fundação Gol de Letra.

Essa é uma homenagem do Bota Ponta Telê! e do Rango do Alê para esse craque da solidariedade.

Sóstenes Brasileiro, PRESENTE!!!

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