Brasil, Tite e a Copa…

Luis Marcelo Bigatto

O maior espetáculo do mundo já começou, parece que foi ontem que vimos aquela derrota amargante diante da Alemanha em pleno Mineirão. Um dia que tinha tudo para ser mais um passo de uma conquista épica, terminou na frustração de uma goleada, o placar de 7×1, virou símbolo de humilhação para o futebol brasileiro. Felipão deixou a Seleção Brasileira e sem levar nenhum respeito, afinal, no Brasil é assim, a partir do momento que não vence, todo aquele amor é jogado na lata do lixo e sobra ingratidão por tudo aquilo que foi realizado.
Dunga chegou e logo a percepção de que não foi uma boa escolha, os resultados não aconteceram e o sentimento na ocasião era que o Brasil poderia ficar fora de um mundial pela primeira vez na história. Dunga não resistiu a pressão e foi descartado pela CBF. A opção foi por uma quase unanimidade nacional.
Tite chegou em setembro de 2016 e o seu trabalho a frente da Seleção Brasileira é incontestável. Quando assumiu o Brasil, eram apenas duas vitórias em seis rodadas das eliminatórias. Com ele foram dez vitórias e dois empates e além dos resultados positivos que garantiram a Seleção na Copa do Mundo da Rússia, Tite conseguiu resgatar o amor próprio do Brasil em relação ao seu futebol.
Nos últimos cinco anos, o Brasil passou por uma série de altos e baixos, na Copa de 2014 chegou como favorita, com a euforia pelo título da Copa das Confederações de 2013, que virou uma terrível e interminável depressão pelo drama da eliminação dentro de casa para a Alemanha. E por incrível que possa parecer, o Brasil chega ao mundial como uma das seleções favoritas ao lado de Alemanha e Argentina.
Tite conseguiu montar uma equipe taticamente impecável, onde o coletivo funciona muito bem, porém, sem deixar de valorizar a individualidade de seus principais jogadores. É claro que Neymar continua sendo o diferencial, é o melhor jogador do Brasil, aquele que pode desequilibrar um jogo no momento decisivo. Neymar não fica preso apenas ao lado esquerdo do campo, tem liberdade para flutuar por todo o campo.
Gabriel Jesus ganhou a briga com Firmino, soube aproveitar as chances que teve, assim como Coutinho, que tem brilhado no meio campo. E quem diria que Casemiro seria o melhor volante da Seleção Brasileira. É o dono do meio campo, virou um dos pilares, atuando ao lado do eficiente Paulinho, que é o jogador que mais tem sensibilidade de infiltração, sabe o momento certo de atacar.
Tite testou duas formações, com Fernandinho, aumentando a força física para ocupar espaços sem bola e pressionar a saída do adversário. Porém, a escolhida é com Casemiro e Paulinho atuando juntos, dando mais mobilidade ofensiva a equipe. Acredito que foi certeira. Casemiro, Paulinho e Fernandinho tem jogado no mesmo espaço e não estava encaixando muito bem, sem um volante, o Brasil teve muito mais opções ofensivas, principalmente quando terá que propor mais o jogo, o que deve acontecer na primeira fase da Copa do Mundo.
A Suíça, primeiro duelo do Brasil no mundial, tem feito treinos com portões fechados para a imprensa, com o objetivo de tentar surpreender o Brasil de alguma maneira. É um time que tem uma linha defensiva muito forte e como ocorre em toda a estreia de Copa do Mundo, não será um jogo fácil, será necessário muita paciência e controle de bola para furar o bloqueio. O Brasil entra em campo com muito mais possibilidade de sair como vencedor, tem mais qualidade coletiva e individual e acredito no bom desempenho da Seleção.
A preparação e a exposição dos jogadores do Brasil na Rússia está ocorrendo na medida certa, é claro que é muito legal esse contato mais próximo do torcedor em um treinamento aberto, mas é fundamental também que o técnico Tite, tenha privacidade para corrigir alguns erros durante o mundial. É correto dizer que o Brasil depende da genialidade de Neymar? Penso que sim, no entanto, o Brasil não depende apenas do seu futebol, a equipe hoje tem outras alternativas e esse é um mérito importante de Tite, no comando da Seleção Brasileira.
O Brasil entra em campo no domingo e com a Seleção o torcedor brasileiro, que é completamente apaixonado pelo Brasil na Copa do Mundo, o País mais uma vez vai parar para assistir a Seleção.
E que o Brasil faça uma excelente Copa do Mundo. O Hexa é possível sim e pode acontecer na Rússia.

O convidado especial Luis Marcelo Bigatto é radialista da Rádio 105 FM e colunista do Correio Paulista

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