Decisão da Diretoria de Ensino gera indignação e levanta debate sobre autonomia escolar e gestão democrática
Por – Luiz dos Reis
A decisão da Diretoria de Ensino de Osasco de afastar, no último dia 13 de maio, a diretora Simone Tavares Techima da Escola Estadual José Geraldo Vieira provocou uma onda de indignação entre pais, alunos, professores e representantes da comunidade. Conhecida por sua liderança democrática, Simone é apontada como uma das responsáveis pelos avanços pedagógicos e pelos altos índices de desempenho da escola, reconhecida como referência no município.
A justificativa oficial para o afastamento — suposta estagnação de resultados do Saresp e o não cumprimento de metas ligadas ao uso de plataformas digitais — não convenceu a comunidade escolar. A escola obteve a maior nota de Osasco no Saresp, ficando apenas dois décimos abaixo da meta estipulada, e é destaque em aprovação de alunos em universidades públicas, além de ser reconhecida por práticas pedagógicas inovadoras que priorizam o protagonismo juvenil e a construção coletiva do saber.
Em resposta à medida, no dia 16 de maio, membros da APEOESP (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) e da comunidade escolar realizaram um ato público na sede da Diretoria de Ensino (Rua Geraldo Moran, 271, Umuarama) para protocolar uma nota de repúdio e exigir a reintegração da diretora. “Educação não é algoritmo. É vínculo, é escuta, é construção diária”, declarou uma professora durante o protesto. A frase sintetiza a crítica ao modelo tecnocrático que, segundo os manifestantes, vem sendo imposto sem diálogo, com metas engessadas e sobrecarga digital.

A remoção de Simone é vista como ataque à autonomia escolar e à gestão democrática, princípios garantidos pela Constituição Federal. “Quando se silencia uma liderança comprometida com a educação pública, o que está em risco é o próprio futuro das nossas crianças e jovens”, afirmou um representante da comunidade.
Um dos colaboradores presentes relembrou o histórico de excelência da unidade: “Desde que a escola se tornou PEI (Programa de Ensino Integral), em 2014, com a diretora efetiva Roseli dos Santos Hamilton (hoje já aposentada), e depois com o diretor Teder Roberto Sacoman (atualmente é diretor na EMEF. Júlio Gomes Camisão, em Barueri/SP), o JGV vem trilhando um caminho de qualidade e reconhecimento. Simone elevou ainda mais esse padrão.” O colaborador destacou ainda a preocupação com a proximidade da prova PISA 2025, da OCDE, que avalia estudantes de 15 anos em leitura, matemática, ciências e, este ano, com ênfase especial em competências digitais:
“O afastamento às vésperas dessa avaliação internacional coloca em risco a estabilidade pedagógica da escola”. Para a comunidade, essa decisão é mais do que administrativa — é moralmente inaceitável. A luta do JGV continua, sustentada na defesa de uma educação pública, democrática e humanizadora. “Não aceitaremos retrocessos”, concluem os manifestantes.