GCM pode ter sido torturado na frente da família antes de ser executado em Pirapora do Bom Jesus

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A Polícia Civil de São Paulo investiga a morte do guarda Paulo Corrêa de Souza Júnior, executado ao lado da mulher, da mãe e do padrasto, em uma estrada de Pirapora do Bom Jesus, no sábado (3). Segundo as investigações, ele pode ter sido torturado na frente dos familiares que estavam no veículo no momento da abordagem.

Segundo a polícia, os suspeitos atiraram contra a cabeça de Paulo e dispararam contra a esposa, a mãe e o padrasto. A polícia disse ainda que os braços dele foram quebrados. “Quem fez planejou bem o local para não ter acesso, nem fuga de veículos e à pé. Era um local bem ermo”, disse Flávio Fragoso Gomes, comandante da GCM de Carapicuíba.

Paulo Corrêa Júnior foi enterrado ao lado da mãe, Marlene Aparecida de Souza. A companheira, Ana Carolina Ferreira, e o padrastro, Israel Aparecido, foram enterrados separadamente. A polícia recolheu 11 cápsulas no local.

A hipótese de latrocínio foi praticamente descartada pelos investigadores. A polícia investiga se a morte tem relação com a atuação dele na guarda ou com a tentativa de homicídio pela qual ele foi acusado em 2020. Paulo é acusado de tentar matar três pessoas em um churrasco em Santana do Parnaíba. Ele estava afastado da corporação e atuava como advogado criminalista e assessor parlamentar.

Entenda o caso

O guarda civil municipal, a mulher, a mãe e o padrasto foram executados em uma estrada de terra de Pirapora do Bom Jesus, na tarde do sábado (3). O crime ocorreu na Estrada Francisco Missé, altura do número 5802.

De acordo com a Polícia Militar, ele voltava de uma cachoeira acompanhado da mulher, Ana Caroline Ferreira da Silva, de 31 anos, da mãe Marlene Aparecida Ferreira de Souza, de 64 anos, e do padrasto Israel Aparecido Vintorin, de 45 anos.

No momento em que passavam pela estrada foram interpelados por suspeitos que os fizeram sair do carro em que estavam, modelo Chevrolet Prisma, e efetuaram disparos. Os quatro foram atingidos e morreram no local.

Quando a polícia chegou ao endereço, localizaram os corpos ao lado do veículo e nenhum indício de quem poderia ter feito os disparos. O local fica às margens de uma represa e com várias chácaras pela região.

A perícia foi acionada ao local e iniciou os trabalhos de apuração dos fatos. Testemunhas e eventuais imagens de câmeras de segurança que possam ter no local vão ajudar a polícia a identificar os atiradores.

Tentativa de homicídio

Segundo o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, Paulo Correa de Souza Júnior foi acusado de, em abril de 2020, por volta das 23h45, tentar matar Maria de Moraes Oliveira, João Paulo Cardoso de Moraes e Josué de Moraes Oliveira, com disparos de arma de fogo.

Paulo estava em uma festa, que ocorria na casa do pai de João e tio de Maria e Josué, quando Maria pediu uma bebida e, por isso, passou a importuná-la, dizendo que, por “ela não ter levado nada para o churrasco, não tinha o direito de beber” e ofendendo a vítima.

Nesse momento, o agente teria ido em direção à mulher para agredi-la, mas foi impedido pelos demais convidados. Paulo, então, se aproximou de Maria e disse a ela para “aproveitar bem a festa, pois naquele momento estava sem farda, mas, no dia seguinte, estaria com farda e voltaria para ‘pegá-la'”. A vítima então tomou conhecimento de que Paulo era guarda municipal.

Paulo deixou a festa e permaneceu nas proximidades, com uma arma de fogo, aguardando a saída. Momentos depois, João deu uma carona a Maria e Josué. De dentro do veículo, todos avisaram que Paulo, com uma arma de fogo, estava se aproximando.

As vítimas seguiram e, nesse momento, Paulo disparou seis vezes. Duas perfurações atingiram o porta-malas e duas, a lateral direita do carro. As vítimas não foram atingidas. Na sequência, o denunciado, com uma motocicleta, começou a fazer uma perseguição ao veículo das vítimas.

Segundo o TJ-SP, a GCM foi acionada para a ocorrência. No local, os guardas municipais encontraram um projétil e três estojos de munição na via pública. Segundo o documento, o delito apenas não se consumou devido ao erro de pontaria do agente.

A arma utilizada por ele pertence à Prefeitura Municipal de Carapicuíba. O delito teria sido cometido durante o estado de calamidade pública da pandemia de Covid-19.

Interrogado, o réu negou o negou o ato e disse que estava almoçando na casa do amigo de Paulo que o apresentou às vítimas e demais convidados, informando que ele era guarda municipal. Nesse momento, segundo ele, começou a ser importunado pelos convidados.

Ele disse ainda que, após a discussão com a mulher por conta da bebida, o padrasto da vítima o imobilizou com um golpe. Disse também que foi embora, mas acabou “perseguido” pelas vítimas. Ele confirmou o disparo contra o veículo, mas disse que “se assustou com a perseguição e queria assustar” as vítimas.

O agente disse, porém, que não se lembra se havia pessoas no veículo e que, se tivesse a intenção de matar, “teria conseguido”. Ele afirmou também que ingeriu bebidas alcoólicas e se recusou a fazer o exame de embriaguez. Segundo a vítima, o guarda aparentava ter usado drogas durante a festa.

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