Lembro bem da minha adolescência, jogando futebol de salão em Osasco. Treinávamos e jogávamos nas quadras de escolas, geralmente de cimento. Mas quando íamos jogar na Escola Prof. Jácomo Stavale, na Freguesia do Ó, a história mudava. O piso era de taquinhos de madeira e escorregava demais. Para amenizar, tínhamos uma tática: molhávamos um pano e pisávamos nele para tentar melhorar a aderência.
Também me recordo da primeira vez que joguei futebol de areia, numa quadra society no Km 18. Depois de uns quatro piques, já estava exausto, sem ar. O jogo era bem mais cadenciado, e eu, acostumado com correria, senti a diferença na pele.
E quando fui jogar pela primeira vez em um campo de grama sintética, na Avenida Francisco Morato? A bola quicava demais, parecia que não era a ideal para aquele tipo de superfície. O domínio era complicado, e os passes quase sempre saíam fortes demais.
Hoje, o debate sobre os gramados sintéticos está em alta nas redes sociais. Jogadores, treinadores e especialistas discutem suas vantagens e desvantagens. Não sou especialista, mas posso trazer alguns pontos interessantes sobre essa discussão.

O impacto do gramado sintético na periferia
Uma coisa é certa: os campos de grama sintética foram muito bem recebidos nas periferias. Em Osasco, por exemplo, os tradicionais campos de terra praticamente desapareceram. Quase todos os bairros têm um campo sintético disponível. E não há dúvidas de que ele proporciona um jogo mais fluido, sem buracos e sem a necessidade de cancelar a partida por conta da chuva.
Mas e se os campos fossem de grama natural bem cuidada, com manutenção adequada? Minha opinião poderia ser diferente. O problema é que, muitas vezes, os gramados naturais acabam ficando em péssimo estado, e aí a comparação fica injusta.

Saúde dos atletas e condições climáticas
O que me chama atenção na discussão entre jogadores e clubes sobre os riscos de contusões no gramado sintético é que tudo parece baseado apenas em opinião. Mas e a ciência? Será que há estudos aprofundados sobre isso?
Vale lembrar do caso ocorrido no show da Taylor Swift no Estádio Nilton Santos (Engenhão), no Rio de Janeiro, em 2023. A alta temperatura no local contribuiu para o trágico falecimento de uma jovem. A apresentação seguinte teve que ser adiada devido ao calor extremo.
Na época, pesquisei em alguns sites especializados e descobri que gramados sintéticos podem atingir temperaturas até 30°C mais altas do que a grama natural e algumas medições a temperatura chegou a 70°C. Agora, imagine um jogador profissional correndo quilômetros durante uma partida nessas condições. O risco de fadiga, desidratação e lesões musculares naturalmente aumenta. Esse pode ser um argumento forte para aqueles que são contra os gramados sintéticos.
Por outro lado, os defensores desse tipo de gramado falam da durabilidade, da manutenção mais simples e do fato de que os campos ficam sempre nivelados, sem buracos ou irregularidades.

E no fim, qual é a solução?
Na minha opinião, o mais justo seria que todos jogassem nas mesmas condições. Ou todos os campos deveriam ser naturais, ou todos sintéticos. Assim, não haveria vantagens ou desvantagens entre um time e outro.
Mas essa é apenas a minha visão. E a sua?
Até a próxima!