Inquietação no DNA

Colunistas Oscar Buturi

Desde que o imigrante italiano Antônio Agú desembarcou nessas terras, a população de Osasco é forjada em meio a conflitos, disputas e muitas polêmicas. Durante a década de 1950, a luta pela emancipação foi marcada por inúmeras controvérsias envolvendo partidários do “sim e não à autonomia”, com acusações de fraudes de ambos os lados. A vitória do “sim” veio apenas na segunda tentativa, em dezembro de 58, também cercada de contestações. O primeiro plebiscito ocorrera em 53, com a vitória do “não”. O município foi então criado através da Lei Nº 5.121/1958, no entanto, o caso foi parar nos tribunais e, pelos três anos seguintes, a questão se estendeu até decisão final do Superior Tribunal Federal. As primeiras eleições foram realizadas no início de 1962, também após grande confusão. Finalmente, em 19 de fevereiro daquele ano, Hirant Sanazar tomava posse como prefeito, junto de 23 vereadores para sua primeira legislatura. Com o mundo em ebulição na década de 1960, veio o golpe militar em 64, com a deposição de João Goulart. Era o início de forte repressão política e fim da liberdade de expressão. E em Osasco reverberava a agitação nacional. Em julho de 1968, quando os estudantes do país protagonizavam a luta por democracia, operários da extinta Cobrasma paralisaram a fábrica, enfrentaram o regime militar e entraram para a história. A greve, também liderada por jovens secundaristas, durou três dias e se espalhou para a maioria das fábricas da região. O Exército foi acionado e mais de 400 foram presos. A inquietação estava, definitivamente, no DNA osasquense. (“Que saudade desse tempo que não vivi…”) Do ponto de vista do desenvolvimento urbano e social, faltava tudo. O município, recém criado, precisa ser construído, equipado. Asfalto, escolas e unidades de saúde eram coisas raras. Nem água encanada havia, imagine coleta de esgoto! Nem parece que estamos falando daquela que é hoje a 6ª economia do Brasil. Desde que era bairro de São Paulo, Osasco mudou muito. Creio que nem o mais otimista dos autonomistas imaginou que a urbe poderia chegar aonde chegou. Os desafios se multiplicam, é verdade, e não poderia ser diferente, afinal, essa história está apenas começando. Ainda há muito a ser feito. Parabéns, Osasco, pelos 57 anos!

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