Não basta uma, são duas filhas atletas de alto nível a saga de Dany, a mãe das Odas

Colunistas Esportes Márcio Silvio

As mães têm o segundo domingo de maio para serem abraçadas no mundo todo. Sim, agora é a hora de colocá-las nesse palco e venerá-las, se bem que o dizer familiar é mesmo verdadeiro – que todo dia é delas. Num sentido mais filosófico, mãe tem um dia que é eterno. Mas fazendo como na canção de Belchior e deixando a profundidade de lado, o esporte é uma praia e tanto com mães que não abrem mão da atividade física regular, mães que são atletas por ideal, mães que avançam de atletas para competidoras, mães que são celebridades no esporte de alto rendimento.
E há aquelas mães que nunca aparecem mas que são a base direta na carreira dos filhos. No entanto, no Pan-americano de 2003 realizado na República Dominicana, uma mãe ganharia o Brasil na torcida pelo filho na piscina. Aquele ‘Vai, Thiago!’ viraria um refrão representando toda paixão e dedicação da mãe do olímpico. Thiago era um garoto de 16 anos quando despediu-se dela, deixando Volta Redonda, Rio de Janeiro, subindo em direção a Belo Horizonte para defender o Minas Tênis Clube. Ver o filho indo para 450 quilômetros de distância foi um corte profundo no coração de Rose Vilela. Por fim, a carreira do atleta está aí na história e reforçando a importância do ‘Vai, Thiago!’ na vida dele.
Vida de mãe de atleta é mesmo uma dureza, dia a dia em alta tensão porque tem que adequar toda rotina para não comprometer o calendário. Agora,se com um atleta a vida de uma mãe já é tudo isso, como fica com dois competidores de alto nível em casa? A pergunta é direta para Danyella Oda e cujo sobrenome já aponta para Osasco e para a ginástica rítmica.
Dany é mãe da espetacular Viviane Oda, supercampeã que no mês que vem estará com a seleção brasileira no Mundial Juvenil de Moscou; Dany também é mãe de Vitória Oda e que no último Brasileiro de Ginástica Rítmica ficou entre as oito melhores. Duas atletas de alta performance e a mesma mãe segurando a barra desde que eram um tiquinho de gente.
“A Vitória teve um probleminha de saúde e o médico indicou atividade física. Então a coloquei na ginástica rítmica”, conta Dany. A menina tinha 7 aninhos quando começou os treinos. Logo pegou jeito e a estrada se abriu. Acontece que Vitória tinha uma fã incondicional além da mamãe, a pequena Viviane Oda, então com 3 aninhos. Claro que quando Dany levava Vitória para os treinos, Vivi estava na cola. Ela voltava para casa tentando imitar as acrobacias da irmãzinha, até que passou a cobrar da mãe – Vivi só falava em treinar.
“Mas ela não queria ir com as criancinhas da idade dela, queria treinar com a irmã. Então a professora Carol aceitou o desafio de colocar Vivi numa classe maior”, recorda Dany. Mas para ser aceita a menina precisou praticar alguns movimentos por uma semana. Vivi treinou a lição de casa, então foi para a avaliação e teve a aprovação da exigente professora Carol Nogueira. O crescimento esportivo das duas foi rápido e logo os pódios começaram a bombar. Por consequência, a vida da mãe ficava naquele aperto diante dos compromissos que não paravam. Estava claro para Dany o caminho escolhido pelas filhas e, determinada, ela colocou esse caminho como sendo o dela também.
Grudada nessa nova aventura com as filhas, Dany encontrou suporte na própria técnica Carol Nogueira que cedeu espaço na academia que abrira. “Comecei a ajudar na ginástica rítmica e me apaixonei pelo esporte. Tanto que decidi fazer educação física (em conclusão). Quando as meninas começaram a se destacar a situação ficou difícil porque não tínhamos apoio algum. Eu fiz um livro de ouro com fotos, principais campeonatos e saí batendo de porta em porta, também no comércio; recebi muitos nãos na cara mas também encontrei muitas pessoas boas.”
Vitória Oda é da categoria adulta mas quando juvenil com 13 anos, despediu-se da mãe para a primeira temporada longe de casa, na capital do Espírito Santo. Se para a atleta era um experiência amarga de separação, para a mãe o impacto feria muito mais. Dany conta que muita gente caiu matando em cima dela por deixar a filha tão novinha ir para longe. “Mas fiz isso pelo sonho dela.”
Quanto a Vivi, a mãe respira com alívio ao falar da parceria com Osasco. Graças a esse contrato a atleta recebe do convênio esportivo e isso ajuda tudo e mais um pouco, principalmente para os cuidados físicos com fisioterapeuta, nutricionista etc. A prefeitura de Guaratinguerá, onde a família reside, não entra com dinheiro no suporte mas colabora na logística.
“Elas são meu tudo, não paro com elas, é de um lugar pro outro. O que me faz ir além é a força de vontade delas e isso me deixa feliz pra estar lutando cada vez mais. Elas abrem mão de tudo pela ginástica,nada de fins de semanas ou de festas quando em período de campeonato; deixam de fazer essas coisas por amor ao esporte”, completa a mãe.
Dany agradece as filhas pela dedicação, principalmente pela humildade sempre acima de tudo. “Elas não deixam os resultados subirem à cabeça. São amigas de todo mundo, são humildes, conversam com todos.. Só isso me deixa orgulhosa por saber que consegui deixar essa parte boa na vida delas. Eu acho que o mais importante é o caráter e isso elas têm e muito”. Quanto a professora Carol Nogueira, é muito reconhecida por Dany que a chama de segunda mãe das meninas.
Com 13 anos, Vivi Oda tem o Mundial da Rússia mas também o Pan-americano e o Sul-americano com a seleção brasileira – entre junho e outubro. Dany sabe que a corda vai apertar a cada dia mas avisa que que mãe é para isso mesmo e que está de cabeça ao lado das filhas. Além de Vitória e Vivi, ela tem o garotinho Enzo Vinícius cuja paixão é o futebol -o moleque tem 11 anos, já mandando muito bem em campo e com os olhos lá na frente. Sim, mais uma tarefa para a mamãe.

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