O ódio que você semeia

Colunistas Talita Andrade

“Pais mimados prejudicam os próprios filhos por não saberem lidar com o fim do relacionamento.” Essa seria a manchete que eu escreveria numa matéria sobre ALIENAÇÃO PARENTAL. Gerar um filho é a coisa mais linda que existe no mundo. A gestação é regada de cuidados, sacrifícios e muita paciência. É preciso se alimentar, se nutrir, não se cansar muito, não fazer algo que faça mal ao bebê que está na barriga, crescendo. Somos responsáveis por todo o desenvolvimento intra-uterino daquele ser.

Mas por que, depois que nasce, alguns pais (homem e mulher) deixam de semear esses mesmos cuidados de quando eles estavam na barriga? Ao nascer, a criança deixou de ser indefesa?

Qual idade os tornam capazes de distinguir o certo do errado, o bem do mal e o que deve ou não fazer?

A atitude mais comum da alienação, é a desqualificação da conduta do genitor (pai ou mãe) ocasionado pelo outro genitor. Ou seja, o pai relata fatos para a criança, muitas vezes com total cuidado para que pareça somente um comentário sem maldade, mas por trás tem toda uma intenção de disputa naquela atitude. Ele treina a visão da criança para que ela enxergue aquilo que ele denomina como errado ou defeito no papel da mãe. A chantagem emocional é outro fator presente na alienação. O pai se faz vulnerável na frente do filho, culpando a mãe por não serem mais uma família. Essa ideia vai sendo formada, e a criança vai alimentando certa predileção pelo lado mais fraco. Isso aconteceu com meu filho. Aos 4 anos de idade meu filho não aceitou minha separação do pai, e dizia que me odiava. Claro que não era a cabecinha dele pensando sozinha. Quando voltava do pai, dizia que eu era uma bruxa que os abandonou. Foi uma fase triste, e até hoje a alienação ocorre de forma dissimulada. Eu jamais vou revidar tamanha crueldade sobre meu filho. Não vou contar a ele todos os motivos que me levaram a desistir. Jamais vou atrapalhar sua infância relatando o quanto o pai era abusivo, machista e manipulador. Não vou levar os problemas conjugais de dois adultos, para uma criança que nada teve a ver com nossas decisões e ações.

Pois infelizmente, a criança acaba perdendo a inocência para observar os pontos que são criticados pelo manipulador. É tão irresponsável e injusta, porque o fim do relacionamento não põe fim aos seus papeis de pais e protetores incondicionais da saúde física e psicológica dos pequenos. Esse abuso pode ser irreversível na construção da personalidade da criança. Os problemas acarretados são diversos, como autoestima baixa, ansiedade, agressividade, depressão, introspecção, entre outras coisas.

Por mais grave que sejam as diferenças inacabadas de um término de relacionamento que gerou filhos, tenham responsabilidade de que a proteção, paciência, e sacrifício que tiveram enquanto ainda era um feto, precisa existir. Eles são apenas crianças, usadas como armas para ferir. Só que eles são os mais prejudicados, que perdem tanto quanto vocês perderam. Eles são só crianças, e não tem nenhuma participação nos erros dos pais.

Devo ressaltar, que ALIENAÇÃO PARENTAL É CRIME, desde 2010. (Lei nº 12.318). Ao ser identificada e caracterizada alienação parental, o alienador está sujeito a punições como: advertência e/ou multa, suspensão da autoridade parental, alteração ou perda do regime de guarda.

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