Seja Amor por onde for

Colunistas Talita Andrade

Eu sou do tipo de pessoa, que ama rápido demais. Basta conquistar minha admiração, meu fascínio, e tornar momentos especiais dos quais eu consiga destacá-lo como únicos, comparada as outras experiências. Claro, fatores estes, fortemente baseados em inteligência, conteúdo e sensações físicas e emocionais. Nada de futilidade e materialidade, por favor. Porque eu amo sim, rapidamente. Basta ser verdadeiro, determinado, sincero e de bem com a vida.
O que determina a intensidade e a duração desse amor, é a pessoa que o causou. O que na maioria das vezes é bem mais difícil, afinal, as máscaras caem, em algum momento.
Tenho certeza de que essa facilidade de amar não é exclusivamente minha. As pessoas têm muita disposição para amar, justamente porque existem muitos bons partidos e incríveis no mundo. Contudo, no caminho, cruzamos com o amor líquido, vulgo amor estrela cadente.
O termo define os adultos da sociedade pós moderna. Os praticantes do tudo ou nada, sem meio termo. É como se a vida tivesse uma chavinha, onde é virada do nada. É tanta gente querendo um relacionamento sério VERSUS tanta gente apreciando a solteirice, que acaba gerando conflito de interesses, já que para ter um relacionamento, é preciso se relacionar. E ambos os grupos interagem, porém com objetivos COMPLETAMENTE opostos.

Todo mundo já conheceu alguém impressionante (que conheceu ou se identificou do nada), que despertou sensações e conexões fantásticas; Encontros intensos, conversas longas, e uma compatibilidade surreal, que acende sentimentos e expectativas de querer mais daquilo. Ainda assim, depois de pouco tempo, tudo se esvai, some, como se nada tivesse sido real?

Pois é, você viveu o amor líquido. O contrário do sólido, maduro e duradouro.

Essa geração tecnológica, onde tudo muda e se transforma o tempo todo, num curto período, não se prendem a desejos a longo prazo. Criados no comodismo do aqui e do agora, com a conexão da internet, que viabiliza e mascara a sensação de vazio e solidão, com aplicativos e redes sociais que suprem tal carência e aumenta a rotatividade de emoções e desejos. Falam com várias pessoas ao mesmo tempo, não dando atenção verdadeira a uma única. Dessa forma não se cria exclusividade ou afinidade singular, e não torna ninguém afetivamente especial!
As pessoas que estão em busca de relacionamento sério se frustram bastante com essas estrelas cadentes. Se veem apaixonados, se entregam e acabam sendo substituídos, como se fossem objetos. Normalmente é um sumiço brusco, ou talvez uma foto arquitetada para ser vista e causar ciúme. Também não posso deixar de mencionar as clássicas mensagens clichês: “Não estou preparado para relacionamento” ou “Você é incrível demais para mim”.

Posso dizer que tenho um álbum bastante cheio de figurinhas de amores líquidos. A minha facilidade de amar nada tem a me prejudicar. Pelo contrário, praticar o amor, ser amor, e se doar, diz mais sobre mim e sobre o que tenho a oferecer de bom para o mundo, do que sobre a inabilidade do outro em não usufruir de um sentimento que fomos criados para ser.

Entretanto, todavia, não digo que é de extremo orgulho, os papéis de trouxa que colecionei até aqui.

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