O início de 2019 não está fácil para o Brasil. Um governo federal desarticulado, que ainda não se encontrou e tem dificuldades para mostrar a que veio. Uma “família real” que protagoniza e coleciona polêmicas, quando deveria trabalhar pela paz institucional e segurança republicana. E tragédias. Ocorrências como o rompimento da barragem de Brumadinho, de custo inestimável do ponto de vista humano, ambiental e da imagem nacional. Desastre como o incêndio no C.T do Flamengo, no Rio de Janeiro, que matou uma dezena de garotos cheios de esperança. Chuvas no Rio e na região metropolitana de São Paulo, que deixaram mortos e promoveram o caos urbano. E agora em Suzano, com o assassinato coletivo de alunos e funcionários de uma escola pública, fato dramático que choca a população e nos leva ao questionamento acerca dos caminhos que temos trilhado enquanto sociedade. Tudo isso em cerca de 70 dias! É, caro leitor, como diz a composição da saudosa dupla caipira, Tião Carreiro e Pardinho, que conheci de tanto meu pai tocar em sua vitrola, “a coisa tá feia…” Depois de desgraças como a da Escola Estadual Raul Brasil, a primeira reação pública é na direção do reforço do policiamento, normalmente por meio da ronda escolar. Trata-se da resposta protocolar, que atende a uma angústia imediata. Não estou culpando quem a dá. Mas isso resolve? Até quando esse reforço na segurança permanecerá? O Estado tem condições de encaminhar seu efetivo policial e, mais importante, energia para mantê-lo pelo tempo necessário, ou seja, indeterminadamente? Sejamos francos, o efetivo da força pública hoje disponível é insuficiente para cobrir todo o território sob sua responsabilidade. Ao deslocar suas equipes para locais específicos, como nossas fragilizadas escolas, alguma brecha se abrirá em outro ponto do território. O cobertor é pequeno. Nem vou tratar das Guardas Municipais (GCM’s), que também têm a atribuição de garantir a segurança patrimonial dos municípios, assim como, de servidores no exercício de suas funções, mas andam sobrecarregadas. Muitas prefeituras têm sido cobradas pela segurança dos cidadãos, cuja obrigação constitucional é do Estado. Essa pressão que recai sobre as cidades impõe a necessidade de investir cada vez mais no setor, sufocando os já apertados orçamentos. E o triste episódio de Suzano, assim como todos os anteriores, evidencia que nós, brasileiros, somos uma nação reativa e não proativa.
Procuramos corrigir em vez de prevenir.