Não sei se você, caro leitor, já percebeu, mas há uma cultura em Osasco que normalmente não se vê em outros lugares. O nativo, aqui nascido ou morador de longa data, costuma reparar pouco nesse comportamento tradicional, mas ao visitante a mania não escapa. Trata-se da prática de o osasquense dizer que vai em Osasco quando já está na cidade. Chega a ser cômico e soa engraçado para muitos. Como disse, aos nativos tal prática é quase imperceptível, pois, desde cedo, a frase convencional faz parte da sua rotina. Quem faz uso desse recurso comumente quer dizer que vai ao centro de Osasco, portanto, afirma que vai a Osasco quando deveria anunciar simplesmente que vai ao centro. Alguns que se expressam dessa maneira também costumam ter outro vício – dizem que “vão na cidade” quando vão ao centro de São Paulo. É uma mania antiga. É preciso lembrar que Osasco foi bairro da capital, inclusive num tempo em que a região era formada de fazendas e chácaras, e a urbanização ainda incipiente. Neste cenário a expressão é perfeitamente compreensível. É uma locução que encontramos no interior, quando moradores de bairros rurais se referem ao deslocamento até a cidade. É possível que a expressão “vou em Osasco” tenha origem semelhante, quando os bairros não tinham a conexão hoje existente entre a periferia e o centro, importante referênc ia urbana e simbólica desde os tempos de Antônio Agú. Lembro-me quando, há alguns anos, conheci novos amigos que embarcaram por essas bandas a trabalho. Alguns aqui se instalaram e outros para cá se deslocavam todos os dias, como é comum a qualquer cidadão metropolitano que trabalha longe de casa. Gente da capital, do ABCD, Guarulhos, etc. Era comum ouvir de alguns deles o seguinte questionamento: “que história é essa de ir lá em Osasco quando se já está na cidade?” E após algumas tentativas de explicação, a mania era motivo de brincadeiras e algumas boas risadas.
Show , bem observado , parabéns Óscar.