Bala Loka de Caracas: aos 7 anos brincando de bike, aos 19 nos EUA por Paris-24

Capa Esportes Márcio Silvio

Esse moleque conhece cada morro em Carapicuíba. Desde quando ganhou a primeira bicicleta, só manobras arriscadas e machucados a rodo. A família fazia de tudo para protegê-lo mas já reconhecendo a habilidade do garotinho e antevendo que o destino estava ali sendo pedalado – Gustavo de Oliveira tinha 7 aninhos.

Não demorou muito, logo os títulos começaram a chegar. E olha que tudo isso rolou praticamente no quintal de casa, já que uma das melhores pistas de bike está em Carapicuíba. E não poderia dar outra, foi nesse terrão que Gustavo ganhou apelido.

Caracas tem outro supercampeão, Leandro Overall e que assina o sobrenome famoso de Gustavo quando iniciava ainda na pequena bike – o moleque vivia ousando nas rampas, num desses voos ele se dá mal e cai desacordado.

“Pulei a rampa, passei por ela, caí no chão e me machuquei. Acordei no carro do meu pai com ele jogando água em mim. Lembro do Overall falando Bala, o Bala Louca. E ficou pra sempre”, lembra o garoto que hoje tem 19 anos e que está cumprindo treinos nos Estados Unidos.

Do som para a grafia Bala Loka, questão de estilo do campeão que já viajou o mundo – como na China em 2017 e para ser campeão da etapa final da Copa do Mundo BMX aos 15 anos.

Paris-2024
No pódio do Brasil, o moleque cumpre rotina especial de treino nos EUA (Califórnia) e por um motivo e tanto – os Jogos Olímpicos de Paris. Isso mesmo, Bala Loka é um dos principais nomes do BMX, o mais cotado.

O que ele está fazendo nesse momento é um período de transição – sempre competiu no terrão, é bike tipo faca na caveira. Mas na Olimpíada essa versão não cabe, o Estilo Livre não entra e esse é a especialidade do campeão.

O que acontece agora é planejamento de migração para o estilo Park e que estreou em Tóquio 20. Essa modalidade do BMX não vai de terrão mas de madeira. Então, muda muita coisa no fundamento técnico.

Mas Bala Loka diz que nem tanto assim, que é só questão de adaptação pura e simples porque as manobras são quase as mesmas. Na linguagem do futebol, seria sobre mudar o jogo de um campo gramado natural para o de grama sintética.

Voltando a Tóquio, o Brasil não teve pilotos qualificados nem no feminino, nem no masculino. Sim, o BMX Park estreou na Olimpíada e nada de pedal brasileiro lá. Isso provoca o campeão Bala Loka de Caracas, motivado para ser o primeiro qualificado para Paris.

O moleque está nos EUA porque o Brasil ainda não dá suporte para os treinos que ele precisa agora, tudo em alto rendimento. “Não tem centro de treinamento que me ajuda a crescer no Park pra ir pra Olimpíada”, explica.

No terrão ele é supremo no BMX, agora está em chão de madeira e ativando modo olímpico por Paris a partir dos EUA. E tudo começou com o moleque de 7 aninhos brincando de bike em Carapicuíba…

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