Maguila recebe a visita do projeto Sou Boxe

Colunistas Esportes Márcio Silvio

Domingo passado foi um dia de boxe para a lenda Adílson Rodrigues, o Maguila. O ex-pesado do Brasil recebeu a moçada da Sou Boxe de Osasco e o papo não foi outro, só deu a velha e boa arte.
Maguila vem numa longa batalha contra degeneração mental, sequelas dos vários rounds nessa categoria de mãos duras. No entanto, de 2014 para cá, agora é que ele vive a melhor fase da recuperação.
Maguila já chegou a perder 40kg e correr sério risco quando foi internado na Santa Casa de São Paulo. Mas em meados de 2017 apareceu alguém nesse ringue e que mudaria o curso da luta.
Willians Mendes Meira é dono da Clínica de Recuperação Itu e para lá, levou o campeão. Williams é de Osasco e acompanhava as lutas de Maguila no Liberatão de Presidente Altino. O cuidado da clínica e os procedimentos terapêuticos dão ao campeão a independência física que ele havia perdido – hoje ele tem mais autonomia e privacidade, diz que se sente no paraíso.
Mas no domingo esse éden virou um grande ringue porque a Sou Boxe tomou conta do local. Renato Matos comanda o time que tem reduto no extremo da zona Sul de Osasco e levou a moçadinha para tietar o mito.
Da molecadinha das bases menores às categorias mais avançadas, todos fizeram a chamada sombra do boxe diante de Maguila. Sentado feito um juiz de ringue, ele observava a movimentação e comentava um ou outro golpe.
No grupo da Sou Boxe, destaque para Elhen Taynara, atleta duríssima e primeira campeã da categoria feminina da Forja dos Campeões; com ela, a medalha de bronze Isabela Ribeiro. “O Maguila é um pai pra todos nós, um símbolo do nosso esporte”, disse Renato Matos, que tinha 13 anos de idade quando entrou na escolinha que Maguila tocava em Osasco.

Abandonado?
Tem circulado notícias sobre Maguila viver num estado de abandono – até mesmo da esposa. Jogado num asilo, estaria vivendo dias de penúria e fadado ao esquecimento final. Acontece que a Sou Boxe volta de Itu dizendo que não, que a fera encontra-se muito bem e que a clínica é top de linha. Na visita, os atletas de Osasco conversaram muito com Irani Pinheiro, esposa de Maguila, desde sempre ao lado do campeão e anfitriã do encontro.
Levar essa geração para pedir bênção à lenda foi um treino de reverência da Sou Boxe. Os jovens  atletas olhavam para esse Maguila hoje fragilizado, mas ouviam do gigante que ele foi no ringue, um demolidor.
Em dezembro de 1986, por exemplo, lutou no ginásio do Corinthians e venceu o americano Rocky Serkorsky, vitória por pontos e que dava ao sergipano o título de Campeão das Américas. Já em 1995 e mais uma vez em São Paulo, venceu o também americano Jhonny Nielson para levantar o cinturão mundial da Federação Mundial de Boxe. Nesse ínterim, campeão brasileiro direto e reto e também sul-americano.
Dois momentos difíceis no ringue: quando ele foi para os Estados Unidos encarar Evander Holyfield e o monstro George Foreman. Sofreu duro nocaute de ambos, mas isso não abalou o reinado dele na América Latina até aposentar-se com 85 lutas, 77 vitórias com 61 nocautes, 7 derrotas e um empate.
De volta à clínica e à cena de Maguila sentado vendo os atletas de Osasco que sonham com a carreira profissional, o mestre deu a dica filosófica aos pupilos: “No ringue é se defender e bater”.
O que Maguila fala é bem simples, mas só quem calça luvas e vai para a luta sente a complexidade  – porque guarda eficiente e ataque potente são qualidades bem difíceis de serem casadas. A Sou Boxe cola em Maguila para que a nobre arte em Osasco mantenha esse legado e seja uma extensão desse nome.

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