Meninas não namoram

Colunistas Talita Andrade

Hoje trago uma história, regada de reflexões. Um tema bastante polêmico e delicado, sobre relacionamento com diferença de idade. A intenção é conscientizar, mas também alertar sobre o quanto uma falta de assistência familiar pode afetar o futuro de crianças.

“Maria é uma menina de 13 anos que gostou de um homem. Mais velho. Mais experiente. Era conhecido da família e todos concordaram com o namoro. Parecia ser uma boa pessoa. E era. Só não exatamente para namorar uma criança.

Maria pouco tinha vivido. Já João, era um rapaz que já acumulava histórias e experiências de um tudo. A realidade das diferenças de ambos era gritante.

Com a entrega ao relacionamento em fase tão precoce da vida, Maria pulou etapas. João por sua vez, passou a censurá-la a cada novo interesse que surgisse, afinal, ela era totalmente manipulável e insegura.

Na verdade, Maria queria agradá-lo. Buscava ser perfeita, ser suficiente; sempre se comparando a mulheres mais maduras, tentando suprir as necessidades dele. No fundo, temia “concorrer” com alguém em coisas que ela ainda desconhecia, e perdê-lo… Ela queria ser todas as mulheres que pudesse, para que ele continuasse interessado.”

Parece uma bela história de amor, mas como poderia ser, se Maria tinha 13 anos e João 13 a mais?

O fato é que uma menina de 13/14 anos está no auge das questões próprias da adolescência: cheia de inseguranças, curiosidades e transformações físicas. Então, um homem passa a guiá-la e moldá-la, mostrando o mundo pelas lentes dele. Sempre a iludindo com a o poder da decisão: “você é quem sabe” (com o “mas” oculto em ameaça de deixá-la).

“Mesmo sentindo que algo não parecia tão certo, ela não sabia dizer o que… E passou a ceder.

Ninguém percebeu seus choros a noite, nem mesmo ela entendia o motivo. Sua auto estima era baixa. Ela aprendeu a mentir para evitar problemas. Tudo se tornou menos espontâneo e mais calculado.

No colégio, longe dos olhos dele, encontrava um pouco de si mesma: era só mais uma garota adolescente. Sorria, conversava, tinha amigos e se sentia livre. Até voltar pra casa e ser a menina comprometida e responsável de novo.

Desde os 13, ela passou a ter vida sexual.”

E como suprir tantas experiências do João, se as próprias eram vazias?

Segundo a CF, artigo 217 A, relação sexual com menores de 14 anos, é crime de pedofilia, considerado estupro.
E precisamos entender que consensualmente ou não, transar ou aliciar menor é pedofilismo, um crime grave que passa despercebido e é acobertado pela sociedade…

Essa menina podia ter tido uma vida diferente, de um relacionamento sério na pré adolescência, que resultou numa gravidez tão nova. Ela merecia viver as etapas da idade. Subir cada degrau conforme sua juventude. Mas ela se perdeu no caminho e não pode voltar atrás.

Pais e mães, não fechem os olhos para seus filhos. Por mais maduros que sejam, eles não têm base emocional para lidar com questões adultas.

Continua sendo pedofilia se a família concorda com a relação. Ainda é pedofilia se a menor gosta do adulto. Ainda é pedofilia se ela permite contato físico.
Ainda é pedofilia se ela aceita tudo (talvez tenha outros motivos que não sejam totalmente conscientes do que ela viveria). Ainda é pedofilia se ela é muito bem tratada pelo adulto namorado.

Mas saindo da idade da proteção da lei, ela é só uma menina. E talvez, no futuro, uma mulher com uma mala de arrependimento e fases perdidas.

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