Morre a sanidade e nasce um mendigo famoso

Colunistas Talita Andrade

Quando a gente acha que já viu de tudo, vem uma manchete na tv: “Esposa trai o marido com mendigo”.

Diante desse caso, temos apenas uma versão contada e parece que já foi o bastante para promover o homem sem teto a GALÃ, cogitado inclusive, como futuro CANDIDATO POLÍTICO. Claro que, falando em politica no país onde o Tiririca foi eleito com um Slogan “Pior que tá, não fica”, não é para se surpreender.

Mas o que choca nessa história toda é a forma como a exposição da intimidade da mulher se torna uma grande vantagem para um homem, sem escrúpulos ou dignidade.

A narrativa “romântica” do miserável que está se promovendo em cima de um problema psiquiátrico de um ser humano (a mulher a qual ele retrata com tanto carinho) tem tudo, menos respeito e empatia. Sendo ele um morador de rua, dependente da caridade e esmola das pessoas, empatia não deveria ser um princípio de valor estimado por este homem?

Entretanto, o cidadão vem ganhando milhares de seguidores nas redes sociais, convites para eventos, festas, e aparece rodeado de mulheres bonitas e influenciadores digitais. Inclusive está sendo bastante procurado para parcerias e publicidades, faturando em cima de uma história mal contada (e duvidosa), já que não temos a versão da peça principal, que encontra-se em tratamento psiquiátrico numa clinica médica.

Nos últimos dias, vi um vídeo de uma festa onde o mendigo agarrava uma mulher, na tentativa de roubar um beijo, que claramente não era consensual. Ou seja, nem só de romance e cortejo vive o mendigo…

Talvez o isolamento social da moça seja uma questão médica, como também pode ser uma proteção da chuva de consequências negativas e julgamento social que com certeza irá enfrentar como cidadã de uma população machista.

Mas pensando no estado mental dela, eu acho que ela é uma grande vítima na história, principalmente porque o surto psiquiátrico que a acometeu, está sujeito a acontecer com qualquer pessoa. Coitada dessa moça, desse marido e dessa família. Pais de duas crianças que serão marcadas pelo humor ácido da Era da futilidade.

Antes fosse um mendigo realmente decente.

E digo mais, vendo o que estou vendo, a surra que ele tomou foi conveniente pra ele, visto que ele está usufruindo muito bem do momento, enaltecendo partes que o convém. Expondo a intimidade de um ato sexual com uma mãe de família doente, numa narrativa cômica e dissimulada, denegrindo totalmente a imagem dela sem nenhuma condolência.

Mas a sociedade que abraça o mendigo, é a mesma que diz lutar por um país melhor.
Nada novo sob o sol!

Que a moça e a família consiga superar esse triste acontecimento, que fiquem bem e encontrem a alegria e a motivação pra viver novamente.

Quanto ao senhor, agora com teto, dinheiro e influência digital, volte logo para o anonimato, e tenha um mínimo de decência para conquistar seus sonhos por mérito próprio, e não em cima da doença e desmoralização de outra pessoa, e de uma família que ele ajudou a destruir.

9 thoughts on “Morre a sanidade e nasce um mendigo famoso

    1. Tomara que nenhuma mulher que você estime, ou goste, vacile. Que elas estejam sempre atentas e armadas até os dentes. Assim elas não correm risco desse seu pensamento condená-las.

    1. Só repercutiu por conta da agressão ao Mendigo. Se fosse só a traição e o entendimento do problema da esposa pelo marido, nada disso teria acontecido. Mas, isso pode acontecer com um entregador de comida, padeiro, açougueiro… Temos que ter a consciência de que algumas pessoas tem fetiche. E neste caso, de quem é a culpa, da pessoa que tem fetiche ou do Policial, do Bombeiro, do MotoBoy…??

    2. Oi Lélia, boa tarde. Fico feliz que compartilhamos da mesma opinião. Esse caso ultrapassou a vergonha social. Mas infelizmente acompanhar as atualizações do caso, me fez repensar muita coisa do que escrevi, saindo em defesa de alguém que acabou fazendo a mesma coisa no final….

  1. Como vc bem disse, essa história tem 2 lados. Alguém já se perguntou: Como o Morador de Rua poderia saber se era um caso psiquiátrico ou um fetiche???? Pelo relato da, suposta, vítima, ela passou por diversos locais com o morador de rua dentro do carro, ou seja, teve momentos suficiente para retomar a consciência. Por que não fez? Será que não foi tudo premeditado? Será que esse foi o primeiro morador de rua da vida dela?

    Falar em problema psicológico, Depois que tudo vem à tona, também é uma estratégia jurídica para alguns casos.

    Como disse: precisam investigar e ouvir os 2 lados.

    1. André, concordo. Realmente toda história tem 3 versões: da vitima, do culpado e a verdade.
      Depois desse texto, observei algumas coisas que me incomodaram um pouco, em questão de atitudes. O cara ganhou fama em cima de um problema, e ela, pra não ficar por baixo, buscou a mesma fama. Portanto, acabei ficando mais imparcial nesse caso. É complicado julgar, principalmente quando as coisas se tornam ainda mais surpreendentes, como foi o caso.

      Entretanto, um surto psicótico é algo delicado. Não tem muita explicação e nem tempo exato pra controle. Nem todo mundo percebe o pico, e a pessoa está sim, totalmente inconsciente dos seus atos (experiência própria viu?”).

      Obrigada por dividir a opinião aqui na coluna. Seja sempre bem-vindo!

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