Pornografia: o câncer dos homens

Colunistas Talita Andrade

O consumo de pornografia é um hábito atemporal da maioria dos homens, que utilizam como meio de alívio de estresse ou válvula de escape. Além de ser um assunto que gera briga entre os casais, há diversos problemas decorrentes a essa prática.
A pornografia pode estar inflamando sua fiação neural com consequências terríveis, desde a disfunção erétil até a depressão. Diagnosticar os efeitos é difícil, pois apesar de ser um hábito “normal” de homem, não é explícito ou declarado, ainda há uma vergonha, que podemos chamar de tabu ou fantasia. Mas é provável que o insucesso profissional, intelectual ou familiar de algumas pessoas sejam consequência de tal vicio. Tal como depressão, suicídios e atos criminosos. E o fator que mais me preocupa são os cenários afetados por esse vício, como relacionamentos amorosos e familiares.

Se relacionar com alguém viciado em pornografia pode trazer grandes problemas para o relacionamento, como mentiras, traições, violência e abusos. Isso porque, o consumo pornográfico tem sido associado ao desgaste do córtex pré-frontal, a parte do cérebro responsável pela função executiva, que inclui a moralidade, a força de vontade e o controle de impulsos. Essa região do cérebro é subdesenvolvida durante a infância, razão pela qual as crianças têm dificuldade em regular suas emoções e impulsos. O dano do córtex pré-frontal na idade adulta, causa comportamentos compulsivos e dificulta o julgamento de decisões.

Em Berlim, especialistas do Instituto Max Planck, descobriram que quando um sujeito é viciado em conteúdo pornô, a ativação cerebral se torna menos intensa diante da exposição a imagens pornográficas convencionais, fazendo com que os usuários explorarem gradualmente outros tipos de pornografia (completamente diferentes do habitual). Os dados coletados por um famoso site adulto revelam que o sexo convencional interessa cada vez menos para os consumidores, sendo substituído por temáticas como o incesto, violência e até mesmo homossexualidade.
O psiquiatra Norman Doidge explica esse fenômeno da seguinte maneira: “A pornografia satisfaz cada um dos requisitos prévios para a mudança neuroplástica. Quando os pornógrafos dão um passo além ao introduzir temáticas novas e mais fortes, admitem que precisam fazer isso porque estão desenvolvendo uma tolerância ao conteúdo habitual”.

Todo excesso é problemático e todo vício é destrutivo, independentemente de serem substâncias químicas ou não. Há sempre um fundo do poço, o qual, além de si mesmo, puxamos terceiros junto. Vídeos ou imagens sexuais não te fazem mais viril, nem mais sábio, muito menos mais atraente. Mulheres viciadas em pornografia também tem diversos problemas, principalmente hormonais, como aumento na produção de testosterona, hormônio masculino responsável por aumento de massa muscular, pelos faciais, acnes, mudança na voz, etc.
E um último alerta: crianças estão acessando pornografia cada vez mais cedo (9 anos de idade), por descuido dos pais que acessam e compartilham o celular com seus filhos/sobrinhos/irmãos. Essas crianças correm risco de sofrerem abuso sexual por estarem se familiarizando com tal conteúdo, sendo facilmente manipuláveis. Além disso, o uso de celular no ambiente escolar também facilita o acesso entre amigos. Não basta bloquear sites ou proteger com aplicativos. Talvez conversar e ser aliado à criança seja o melhor caminho.

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