Gilson Miranda: atleta de Osasco que vence as águas do mar, o tempo e que é superação pura

Colunistas Esportes Márcio Silvio

Não importa a hora, a temperatura ou o vento gelado cortando a orla. Quando é dada a largada esse garoto se lança numa corrida para se jogar nas águas do mar, seja o litoral que for. Um garoto de 62 anos e que é superação pura. Gilson Miranda, nadador de Osasco, se especializa em braçadas desafiadoras como travessia em mar ou águas abertas. Resumindo, Gilson é o garoto que vence águas do mar ou de rios com braçadas após braçadas em busca da melhor marca.
Gilson mora no Jardim Rochdale (zona norte de Osasco) e conta que encarar as águas é tipo um salto no escuro porque não tem a zona de conforto de uma piscina. “A gente larga, entra no alto mar, contorna as boias e isso exige muito preparo”. Bem, se isso já faz dele um exemplo como competidor aos 62 anos, o que dizer ao saber que esse garoto é um transplantado renal. No período de tratamento foram 12 anos de hemodiálise (filtrando o sangue). O próprio Gilson se vê como superação ao lembrar disso. “Fazia hemodiálise seis vezes por semana e já fazia travessia e mar. A hemodiálise era de segunda a sábado, só folgava aos domingos. Eu fazia o procedimento na parte da manhã e treinava à tarde”. Ele iniciou a hemodiálise em 2000, onze anos depois faria transplante de rim. E nesse período todo, nada de abandonar a vida esportiva . Feliz pela reabilitação e celebrando a saúde, ele não cansa de repetir. “O esporte salvou minha vida, eu sou prova disso!”
As palavras não dizem das dores e das consequências dos tratamentos que o corpo de Gilson Miranda sofria. “Muitas vezes ia pros treinos e passava mal. Mas eu não queria demonstrar, disfarçava, ia ao vestiário do clube, até chorava um pouco, mas voltava pra treinar porque tinha aquele objetivo: tirar a hemodiálise da mente e pensar só no esporte.”
O resultado é que hoje, Gilson Miranda é um nome aplaudido nos circuitos de travessia, tanto que são vários títulos mar a mar. Mais que vencedor em águas abertas, ele também compete numa categoria dupla que soma travessia e corrida. “Um atleta sempre busca mais quer se superar. Enquanto Deus me abençoar e permitir que eu pratique esporte, eu quero me superar.”
E haja superação: ele iniciou nas águas do mar nadando 750m, não demorou para dobrar e competir no 1.500m, daí subindo para os 2.000m. “Minha intenção é fazer provas mais longas”, comenta o incansável Gilson Miranda, ressaltando a importância de ter sempre um acompanhamento. “Nunca fui impedido de competir, ao contrário, os médicos me incentivavam. Mas é preciso ter essa supervisão. A hemodiálise não é o fim do mundo, é um tratamento. Com uma boa alimentação, eu fui vencendo as etapas.”
Gilson é treinado por Fernando de Oliveira. Três vezes por semana ele tem piscina, três vezes por semana tem corrida. “Então, eu treino de segunda a sábado”, destaca com satisfação. No entanto, ultimamente o atleta enfrenta outro desafio – descansar para cuidar do coração. Gilson sentiu palpitações de alerta e logo fui cuidar dos exames. “Se Deus quiser, logo volto às competições”, garante o campeão. “Deus deu a vida e a gente tem que aproveitá-la. De que maneira? Fazendo o bem pros outros e nada de ficar parado. Todo mundo pode ser um atleta porque não há idade pra isso.”Com tanta motivação e tamanhã lição de vida, esse é Gilson Miranda, um atleta anônimo de Osasco.

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