Renato Quintiliano do sonho moleque à patente máxima do xadrez

Esportes Márcio Silvio

Desde sempre ele estuda o xadrez porque vê a modalidade quase como ciência. Renato Quintiliano é pesquisador de cada lance, vai atrás de todas possibilidades, projeta outras variantes, calcula e também apaga tudo se for o caso.
Não fosse assim ele não chegaria a Mestre Fide em 2013 aos 21 anos; dois anos depois, Mestre Internacional. Ele era um garoto que aos dez anos já causava por aí, verdadeiro ratinho de campeonato: “Podia ser pra jogar em Osasco, no Clube de Xadrez de São Paulo, no Borba Gato, em São Bernardo, em Guarulhos ou qualquer outro lugar…”.
No entanto, é fato que Renato Quintiliano (a partir de agora será apenas Quinti na matéria) nunca perdeu a empolgação – quando chegou a Mestre Fide tornou-se ainda mais imparável; como Mestre Internacional, maratonista do tabuleiro. Os olhos fixos daquele garoto de 10 anos babavam em duas letras que identificam os monstros do xadrez – ao ver as iniciais GM precedendo os ídolos, Quinti dizia que chegaria lá.
Por fim, em fevereiro aconteceria o Magistral 60 Anos pelo aniversário de Osasco e Quinti não perderia por nada – outra grande chance pelo sonho. Prata da casa, foi para o tabuleiro e bateu nove rodadas para sete pontos contra verdadeiros zangões do xadrez. “Depois de tantas viagens, tantas voltas e torneios, quis o destino que o sonho de ser GM fosse concretizado aqui, na melhor cidade do mundo, Osasco”, exclamaria o realizado Quinti, então aplaudido como novo Grande Mestre (Internacional).
Certo, o sonho moleque que vinha buscando estava pago mas, como já foi dito, Quinti é imparável – de lógica spockiana, não sossegou até a conta bater. E o que faltava então, já que havia conquistado a última estrela do xadrez? Ele queria ver as iniciais oficializadas como que batizando-lhe o nome.
Sim, uma coisa é conquistar os números, outra coisa é receber a patente. “Aquele menino tinha vários sonhos e chegar a Grande Mestre Internacional, com certeza era um deles”, destaca. Desde fevereiro nessa vigilância, Quinti finalmente abre champanhe no final de maio – vendo o perfil que qualifica os monstros do xadrez internacional, lê em voz alta o sonho realizado: GM Renato Quintiliano.
“Uma coisa que a gente percebe com o passar dos anos…”, comenta o agora oficialmente cravado Grão-mestre Renato Quintiliano, 15º da linhagem no Brasil: “… é que sobra pouco tempo pra ficar pensando nos sonhos, às vezes a gente precisa até deixar eles de lado, adiar um pouco, deixar pra depois. Mas quem conheceu aquele menino não vai me deixar mentir e pode atestar que ele era insistente, às vezes até meio pentelho de tão insistente; e obviamente ele nunca me deixaria esquecer desse sonho, nem abandoná-lo. Até porque ele sempre soube que era possível e que esse dia chegaria.”

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