Saneamento básico e defesa sanitária: a base invisível da saúde pública

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Por – Dra. Simone Neri

Quando falamos sobre saúde, é comum pensarmos em hospitais, medicamentos e médicos. Mas existe um sistema silencioso, que opera nos bastidores do nosso cotidiano, e que é essencial para que a população viva com dignidade e segurança: o saneamento básico. Ao lado dele, a defesa sanitária completa esse alicerce, formando uma dupla imbatível na promoção da saúde pública.

Muito além da torneira: o que é saneamento básico?
O saneamento básico não se resume apenas ao fornecimento de água. Ele inclui quatro grandes pilares:
• Abastecimento de água potável: Água limpa e tratada é o primeiro passo para prevenir doenças como diarreia, hepatites e cólera.
• Esgotamento sanitário: Sem a coleta e o tratamento adequado do esgoto, o solo, os rios e a saúde da população ficam em risco.
• Manejo de resíduos sólidos: O lixo acumulado em locais inadequados atrai vetores como ratos, mosquitos e baratas, propagando doenças como dengue e leptospirose.
• Drenagem de águas pluviais: A falta de estrutura para escoar as chuvas causa enchentes, que além dos danos materiais, favorecem a disseminação de doenças.

Defesa sanitária: os olhos atentos da saúde coletiva
Já a defesa sanitária atua como uma sentinela. Através da vigilância sanitária, fiscaliza comércios, alimentos, medicamentos e ambientes coletivos para garantir que estejam em conformidade com as normas de saúde. Soma-se a isso:
• Campanhas de vacinação, que mantêm doenças sob controle.
• Educação em saúde, que conscientiza a população sobre higiene e prevenção.
• Controle de vetores, como o combate ao mosquito Aedes aegypti.

Um depende do outro: a interdependência vital
Saneamento básico e defesa sanitária caminham juntos. A ausência de esgoto tratado, por exemplo, favorece o surgimento de criadouros de mosquitos, como o transmissor da dengue. A defesa sanitária, por sua vez, entra com ações emergenciais, como mutirões de combate ao mosquito e orientação da população.

No entanto, essa relação não pode ser apenas reativa. Para que a saúde pública avance de verdade, é preciso investimento preventivo: ampliação da rede de saneamento, coleta regular de lixo, drenagem adequada e campanhas educativas constantes.

Cuidar da água é cuidar da vida
Para o cientista e biomédico Dr. Thiago Jordão, a responsabilidade vai além dos órgãos públicos:
“Água saudável significa população saudável e conforto para todos, mas é necessário cuidado e a colaboração de todos nós, pois se a água adoecer, tudo também ficará doente. Cuidar de si mesmo e dos outros não é apenas uma questão médica, mas também de cada cidadão e da sociedade. Seja você também um agente de transformação e influência positiva em seu trabalho, lar e nas suas relações com a sociedade e o meio ambiente.”

A saúde começa onde a cidade funciona
É fundamental que governos, profissionais de saúde e cidadãos compreendam que saúde pública se constrói em conjunto. Cada torneira com água potável, cada rua sem lixo acumulado, cada bueiro desobstruído representa um passo na prevenção de doenças e na construção de uma sociedade mais justa.

Saneamento básico e defesa sanitária não são luxo, são direito humano e dever do Estado. Investir nessas áreas é salvar vidas, reduzir custos com internações e garantir um futuro mais saudável para todos.

Você sabia? Segundo a Organização Mundial da Saúde, a cada R$ 1 investido em saneamento, economiza-se R$ 4 em saúde pública.

Em Osasco e região, iniciativas como mutirões de limpeza, ações de vigilância sanitária e campanhas educativas fazem a diferença, mas ainda há muito a avançar. É dever de todos cobrar, participar e cuidar.

Coluna “Saúde para Todos” – toda semana, temas relevantes de saúde pública com linguagem simples e compromisso com a informação de qualidade.


*Dra Simone Neri, médica e gestora em Saúde pela FGV para a coluna Saúde Para Todos

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